Economia

Crise da habitação "é uma emergência e uma tragédia", mas como resolvê-la?

Em antena na SIC Notícias, António Brito Guterres, assistente social e investigador de estudos urbanos, Tiago Mota Saraiva, arquiteto e professor universitário, e a comentadora Maria João Marques debatem a questão.

SIC Notícias

Câmara de Loures demoliu sete casas ilegais esta semana, as famílias ainda não foram realojadas. Moradores de vários bairros de barracas protestaram no fim de semana frente ao Parlamento. O problema da habitação não é novidade e os preços das casas devem continuar a subir.

Em antena na SIC Notícias, António Brito Guterres, assistente social e investigador de estudos urbanos, Tiago Mota Saraiva, arquiteto e professor universitário, e a comentadora Maria João Marques debateram a questão. A SIC convidou também a Câmara de Loures, mas a autarquia recusou estar presente.

“É uma emergência e uma tragédia”, considera António Brito Guterres. Para o assistente social, a desigualdade social está na raiz do problema da habitação, que tem o setor imobiliário como um dos culpados.

“Tivemos duas crises perto de nós, a do subprime e a do Covid, e ao fim das duas foi muito noticiado que havia mais milionários e multimilionários, mas nós não crescemos. Então como é que há mais milionários? É por causa da desigualdade. (…) Um dos ativos dessa maior desigualdade é o setor imobiliário, que fez com que essas casas não sejam acessíveis às pessoas que cá trabalham”, diz.

Dados da OCDE colocam Portugal em último

Tiago Mota Saraiva diz que o problema “é reflexo dos dados que temos”, lembrando que, segundo a OCDE, Portugal “é o país com pior ranking entre o custo da casa e o rendimento das pessoas”. "Além disso, temos neste momento 723 mil casas vazias, o maior rácio da OCDE".

“Na Suíça, referendou-se a impossibilidade das pessoas terem segunda habitação”, comenta o arquiteto, apontando uma das possíveis soluções.

“Não há casas suficientes”

Maria João Marques recusa a ideia debatida da Suíça, que considera um “atentado ao direito da propriedade”, e afirma que o “gravíssimo problema da habitação não existe pelo aumento da desigualdade".

“É um problema que não tem nada que ver com questões ideológicas, nem sequer com más políticas sociais. Tem a ver com números. Temos um parque habitacional que praticamente não teve alterações nos últimos 10 anos e um enorme crescimento da procura de casas. É evidente que os preços aumentaram. Não há casas suficientes (…) Tivemos anos sem crescimento da oferta pública e privada e o problema é esse”, diz a comentadora da SIC.

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