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Câmara de Loures demoliu sete casas ilegais esta semana, famílias ainda não foram realojadas

Os moradores de vários bairros de barracas estão em protesto este sábado frente ao Parlamento contra as demolições e pelo direito à habitação. Loures é uma das autarquias que estão a demolir as casas ilegais para evitar o crescimento dos bairros. Esta semana demoliu sete na zona do Talude. As famílias que lá moravam não foram realojadas.

Amanda Martins

Rui do Ó

Marisabel Neto

Amílcar está há três noites a dormir em casa de um amigo porque a Câmara de Loures demoliu esta quarta-feira a casa ilegal onde morava há um ano no Talude. 

“Eu tive uma consulta no hospital Beatriz Ângelo e o pessoal da câmara veio aqui com as máquinas. Solicitou alguém. Não sei se lhes disseram que moravam aqui pessoas, mas até chegar aqui eles meteram a casa abaixo”, explica Amílcar. 

Voltou a pô-la de pé por não ter forma de ir para uma casa melhor aos preços atuais. Marlene assistiu. Diz que os elementos da câmara chegaram a meio da manhã. 

“Eu sou uma das primeiras pessoas a chegar cá e a dizer "meus senhores ninguém está. Todos foram trabalhar. Temos de trabalhar, se não não temos como sobreviver", relata Marlene

Esta semana foram sete as barracas demolidas A autarquia está a numerar as casas ilegais para controlar o crescimento do bairro e dissuadir quem se quiser instalar.   

"Entre os afetados está também a família que morava aqui desde setembro. “Ele tem duas crianças menores e estão sem-abrigo. Está mesmo sem-abrigo. Todos estão, mas ele está mais porque ele tem dois menores e é muita tristeza ver um casal com dois menores na rua” explica Marlene. 

Marlene está a falar de Engels, um são-tomense, professor de matemática. À hora a que fizemos a reportagem estava a trabalhar, tal como no dia em que a câmara veio deitar abaixo a construção, pela segunda vez, por alegadamente estar desabitada. 

A autarquia não realojou os moradores com as casas destruídas, convidou-os a visitar os serviços sociais que não conseguem dar resposta a todos os pedidos. 

Neste bairro do Talude, em Loures, a maioria dos moradores são imigrantes de São Tomé e de Cabo Verde com autorização de residência em Portugal através do visto da CPLP.

São trabalhadores que ganham o salário mínimo e que vivem com poucas condições,  sem água e sem luz, por não conseguirem pagar uma renda.

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