O suplemento extraordinário para as reformas mais baixas pago em outubro é considerado insuficiente pelos reformados. Preferiam um aumento efetivo das pensões.
Na Covilhã, muitos queixam-se das baixas reformas que nem sequer chegam para pagar a estadia num lar, não fosse o apoio da família.
O suplemento extraordinário para as reformas mais baixas, que pode ir até 200 euros, anunciado pelo Governo é bem vindo, mas sendo um aumento pontual sabe a pouco.
"Não tem jeito nenhum. Costuma-se dizer vale mais do que nada, mas não tem jeito nenhum", garantiu Isabel Duarte, utente do lar de São João, na Covilhã.
"Tenho uma reforma muito baixinha. Tenho muita medicação para pagar", acrescentou outra utente, Ana Isidora Amaro que concorda que o aumento pontual é pouco.
Isabel e Ana, ambas com 89 anos, podem não saber ao certo quanto recebem de reforma, mas sabem bem que se não fosse o apoio da família nem no lar conseguiriam ter lugar:
"É a minha irmã e a minha filha que me ajudam. A reforma é muito baixinha. A minha filha mais velha é que nos tem estado a ajudar para eu estar aqui no lar", explicou Ana.
"Há muitos que nem podem vir porque não têm reformas que cheguem para pagar o lar", lamentou Isabel.
"O custo médico de um utente em lar neste momento é de 1200€, ou seja numa pensão de 200€ dos 90% ou dos 75% que podemos cobrar consoante o grau de dependência do utente essa percentagem não chega para atingir os 1200€, mesmo com a percentagem que nos dá a Segurança Social", disse Dércia Francisco, diretora técnica do lar de São João.
É uma situação que obriga a uma diária ginástica financeira da instituição.
Com mais de 160 utentes a cargo, o lar de São José na Covilhã, o mais antigo do distrito de Castelo Branco, tem recorrido ao contributo de familiares para fazer face às despesas mas reconhece dificuldades.
"Todos os utentes entram com a percentagem aplicada sobre o valor da pensão, mas não chegando esse valor será sempre feito um cálculo da comparticipação familiar e aí sim notamos a fragilidade dos agregados familiares em fazer face a essa despesa", garantiu ainda Dércia.
Dificuldades que servem de argumento à defesa de um aumento efetivo das reformas porque o bónus pago uma única vez não é suficiente para garantir a qualidade de vida de uma população vulnerável.