Arrancou, esta segunda-feira, em Bragança, Bragança o julgamento do casal acusado de roubar e matar uma família. O crime tem contornos especialmente chocantes e inclui acusação de incendiarem a casa das vítimas, numa tentativa de apagar vestígios e eliminar os corpos.
Ficaram conhecidos como Bonnie & Clyde portugueses e, agora, encontram-se a cumprir penas de nove anos de prisão por crimes de roubo e sequestro em vários assaltos a postos de combustível no Algarve.
Também são autores de vários assaltos à mão armada em Espanha, onde foram capturados depois de terem fugido.
Nélida Guerreiro e Sidney Martins respondem num novo processo de triplo homicídio ocorrido na freguesia de Donai, às portas de Bragança, em 2022.
O crime vitimou uma família - pais e filho. De acordo com a acusação, a arguida mantinha uma aparente relação amorosa com o filho desse casal, um homem de 40 anos, que lhe fornecia droga, embora ela vivesse em união de facto com o arguido, ambos consumidores.
A dupla arquitetou um esquema para roubar droga, objetos de valor e dinheiro à vítima. Esse plano foi tentado no dia 9 de julho de 2022.
O crime
Aproveitando a ausência da vítima, o arguido entrou na sua residência, mas foi surpreendido pela mãe, que esfaqueou com 10 golpes, provocando-lhe lesões fatais.
Dez dias depois, na noite de 19 de julho, o arguido, no intuito de eliminar provas do crime anterior e consumar o roubo planeado, voltou de novo à mesma residência. Dirigiu-se ao quarto do filho do casal, onde já se encontrava a arguida.
Em conjunto, a dupla matou o homem com 17 facadas. Depois, atacaram o pai, que, entretanto, tinha acordado com o barulho, esfaqueando-o com 24 golpes, que também foram fatais.
De seguida, com o propósito de ocultarem as provas e de se desfazerem dos corpos, os arguidos atearam fogo a dois quartos da habitação.
Por tudo isso estão acusados de crimes de homicídio, profanação de cadáver, furto, ofensa à integridade física e ainda crime de incêndio.
Na primeira sessão do julgamento, os arguidos remeteram-se ao silêncio, embora Nélida tenha admitido prestar declarações mais à frente.
Entretanto, o Ministério Público pediu uma análise comparativa entre o material biológico recolhido numa das vítimas e o ADN do arguido.