Economia

Inflação subiu 3,1% em maio: a culpada é mesmo Taylor Swift?

O economista João Duque explica que os preços da hotelaria e da restauração têm estado em alta ao longo do ano, e não apenas durante a passagem da estrela norte-americana por Portugal.

Luísa Correia

A inflação em maio foi de 3,1%. Subiu mais do que o esperado e é o valor mais alto desde setembro do ano passado.

Dizer que as coisas estão mais caras é um chavão a que os portugueses estão habituados. A estatística tende a comprovar algum pessimismo na hora de ir ao supermercado, mas em relação ao mês de maio parece que há mais motivos para queixas. Começando pela comparação com o ano passado, extinguida a medida do IVA Zero para um cabaz de alimentos, o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirma que os produtos ficaram mais caros.

Mas, para explicar a subida dos preços em maio, há quem fale também do efeito Taylor Swift. Nos dias 24 e 25 do último mês, o Estádio da Luz encheu-se para ver a estreia da cantora em Portugal.

O INE refere a aceleração dos preços dos hotéis nesse período como um dos fatores para o aumento generalizado dos preços, mas nem todos os especialistas são crentes no fenómeno.

"Este efeito de preços na hotelaria e na restauração tem-se verificado ao longo do ano, não é uma novidade do mês de maio - e não é expectável que em junho venha a descer”, refere o economista João Duque.

João Duque explica que apesar do indicador da subida da inflação ser desfavorável em geral, neste caso, por ser motivada por uma grande procura turística, esta é “uma boa inflação”.

Trata-se, portanto, de um tipo de inflação diferente daquele que vemos, por exemplo, quando há aumentos nos combustíveis porque o preço aumenta na importação.

“Estamos a falar de aumento de preços que, muito provavelmente, está associado a um valor acrescentado por unidade de quarto ou de prato servido à mesa", explica João Duque."É uma inflação que tem um efeito muito positivo no crescimento do PIB português.”

Com esse efeito positivo, podem abrir-se portas para aumentos no pagamento aos trabalhadores ou no investimento em negócios.

“Quem está a praticar esse aumento dos preços são empresas portugueses. Não estão a aumentar os preços porque a matéria-prima ou a energia que compraram está mais cara; é porque está a haver uma valorização dos bens ou serviços que eles oferecem”, esclarece o especialista.

Certo é que, sem mexer no rendimento, quem se senta à mesa ou tenta ir dormir a um hotel em Portugal pode sentir que os preços estão para turistas.

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