Serão cento e vinte e dois euros e setenta e seis cêntimos. Isso mesmo: 122,76 euros por cada megawatt hora (MWh). É este o novo máximo histórico no mercado ibérico de eletricidade (Mibel) e será esse o preço médio da energia elétrica no mercado grossista esta quinta-feira, 26 de junho.
O novo recorde bate o anterior máximo de 117,29 euros por MWh, registado a 13 de agosto, numa semana que teve cinco dias consecutivos de recordes no preço diário do Mibel, segundo os dados do Omie, o operador do mercado de contratos diários e intradiários da Península Ibérica.
Depois dessa semana de sucessivos recordes, o preço grossista da eletricidade em Portugal e Espanha quase atingiu novo máximo histórico a 20 de agosto, com um preço médio diário de 117,14 euros por MWh, que aliviou ligeiramente nos dias seguintes.
O novo recorde de 122,76 euros por MWh desta quinta-feira resulta da média das 24 horas do dia, cada uma com preço distinto, mas com uma amplitude de preços relativamente reduzida. Na hora mais barata os produtores de eletricidade do mercado ibérico receberão 119,95 euros por MWh produzido, enquanto a hora mais cara terá o custo de 129,81 euros.
A subida do preço médio diário esta quinta-feira é motivada por uma redução substancial do volume de energia eólica disponível no mercado ibérico (que cai de 110,4 gigawatt hora esta quarta-feira para 61,4 GWh na quinta-feira). Com menos vento o sistema elétrico responderá à procura com mais produção hidroelétrica e centrais de ciclo combinado alimentadas a gás natural.
O preço do gás natural e das licenças de emissão de dióxido de carbono (CO2) permanece elevado, levando as elétricas que detêm centrais a gás a cobrar preços altos para produzir.
O facto de o Mibel ser um mercado marginalista leva a que todos os produtores que vendem no mercado diário recebam o mesmo pela eletricidade, que corresponderá ao preço cobrado pela última central necessária para satisfazer a procura de eletricidade a cada hora.
Havendo necessidade de recurso às centrais a gás em boa parte das horas do dia, esse preço de fecho (que remunera igualmente todos os produtores) tende a ser mais alto. Inversamente, os dias que têm mais produção eólica, dispensando o recurso às centrais a gás, tendem a gerar preços grossistas mais baixos.
O preço cobrado pelas centrais hidroelétricas, embora não esteja sujeito ao custo das licenças de emissão nem à compra de gás, acaba por ficar indiretamente "contaminado" pelos custos das centrais a gás, já que parte da produção hídrica vem de centrais com bombagem, que consomem eletricidade para bombear água para as suas albufeiras a uma cota superior, de forma a poderem turbinar a água para a albufeira a jusante.
Quanto mais caro é o preço grossista (influenciado pelo elevado custo das centrais a gás), mais alto é o custo dessa bombagem, levando igualmente parte dos produtores hidroelétricos a cobrar mais caro pela sua energia.