Economia

Carlos Moedas diz que é o orçamento "possível dentro da Europa em que vivemos"

O Comissário Europeu para a Ciência e Inovação diz que a proposta do orçamento comunitário feita por Bruxelas reflete a saída de um Estado-membro da União Europeia.

"Acho que é o orçamento possível dentro da Europa em que vivemos. Com o Brexit, estamos a sentir, pela primeira vez, na pele aquilo que é um dos Estados-membros sair da União Europeia (UE). Isso faz com que tenhamos este orçamento, que é um orçamento de 160 mil milhões por ano. E esse orçamento vai ter de ter algumas reduções, por uma questão simples: é que há menos dinheiro porque o Reino Unido sai da fotografia", analisou o comissário responsável pelas pastas da Investigação, Ciência e Inovação.

Carlos Moedas, que falava aos jornalistas após a apresentação da proposta do orçamento plurianual para a UE para o período 2021-2027, disse que os cortes de 7% na Política de Coesão, 5% na Política Agrícola Comum (PAC), e 4% nos pagamentos diretos são "uma pena para a Europa".

"As contas são fáceis de pensar. O Reino Unido representa 10 a 12% do orçamento europeu. Estamos a falar de 15 mil milhões de euros por ano que, de um dia para o outro, desaparecem, e alguém tem de compensar isso. O esforço que fizemos aqui na Comissão foi tentar compensar, pelo menos, metade daquilo que perdemos. Tentámos compensar quase 6% desse corte pedindo mais dinheiro aos países, mas não conseguimos compensar tudo, e esse é que é o grande drama que hoje vivemos", afirmou.

Para o comissário europeu, é pena que a Europa, no conjunto dos seus países, não queira investir mais.

"O nosso orçamento é de 1,11% da riqueza criada na Europa. [...] Percebo que, politicamente, há muitos países que tenham esse ceticismo em relação a pôr mais dinheiro, mas é pena que assim seja. Obviamente temos de ser realistas e não podíamos fazer um orçamento que chegasse aos países e os países dissessem "vai para o lixo". Portanto, este é o orçamento possível nessas condições", reiterou.

A Comissão Europeia propôs um orçamento plurianual para a UE para o período pós-2020 de 1.279 biliões de euros, que é equivalente aos 1,11% do rendimento nacional bruto do bloco comunitário a 27.

"Estes cortes são o que são. Esta é a proposta da Comissão. A proposta agora vai para os países e para o Parlamento Europeu [PE] . Eu ficaria muito contente que tanto o PE como os países dissessem: a Comissão podia ter feito melhor e nós vamos aumentar estes valores. Duvido que isso aconteça", assumiu, reforçando que esta é "a proposta razoável "para os países deixarem passar".

O comissário português reconheceu ainda que Bruxelas poderia ter ido mais longe na questão dos recursos próprios: "Neste momento, já representam cerca de 20% do orçamento, mas deveriam ser muito superiores. Poderíamos ter ido até à taxa digital, não fomos porque queríamos encontrar um compromisso com todos os países. Poderíamos ter ido mais longe e não fomos, é verdade".

Carlos Moedas congratulou-se ainda pelo crescimento do orçamento nas áreas da Investigação, Ciência e Inovação dos 77 mil milhões de euros do orçamento atual para os 100 mil milhões no pós-2020.

"Como comissário da Ciência, sinto-me satisfeito de ver que pela primeira vez nestes três anos, depois de tanta luta, a Europa está a por a Ciência e a Inovação como uma prioridade.

É um bom dia para a ciência na Europa", considerou, realçando que este é o maior aumento para aquelas pastas desde que começaram os programas quadro.

Com Lusa

Últimas