Acontece exatamente o mesmo com clubes e empresas, quando sentem os danos colaterais de uma renovação forçada. Faz parte e nunca é um problema, antes uma oportunidade.
Talvez por força disso (mas não só), não tivemos árbitros no último Mundial, algo que foi muito criticado internamente. Curiosamente, foram poucos os que quiseram entender que a designação para aquela competição funciona por quotas continentais, o que afasta gente capacitada da equação para dar lugar a juizes menos experientes e qualificados.
Mas hoje, os tempos são outros e sem prejuízo de críticas pontuais que possam fazer-se à estrutura e/ou à atuação de alguns árbitros (ninguém está acima da crítica e ainda bem), a verdade é que o cenário agora é diferente.
Parece-me justo que tenhamos para esse elogio e reconhecimento, a mesma capacidade que temos para apontar dedo acusador.
No final da época passada, Soares Dias foi nomeado para dirigir uma das meias-finais da Liga dos Campeões, a mais importante prova de clubes do planeta. Há poucos dias, foi indicado pela UEFA para arbitrar a Final da Liga Conferência. Semanas antes tínhamos recebido a notícia de que o português e a sua equipa - Paulo Soares, Pedro Ribeiro e o VAR Tiago Martins - estavam selecionados para o próximo Campeonato da Europa.
Isto são excelentes notícias para a arbitragem nacional e para o desporto português, e parece-me que devemos saborear estes momentos sem nos perdermos na mesquinhez que a clubite tantas vezes impele.
É importante olharmos para o que isto representa, com distância, racionalidade e justiça. A verdade é só uma: no Euro 2024, Portugal - país pequeno, incomparavelmente menor que tantas outras potências vizinhas - estará representado pela equipa de todos nós e por mais quatro desportistas de elite.
Tenhamos orgulho nisso, por favor.
Há muito que o portuense é considerado o melhor árbitro português, substituindo com mérito o lugar de Pedro Proença na galeria dos melhores.
Soares Dias soma primeiros lugares uns atrás do outro no ranking nacional e já dirigiu dezenas de clássicos e derbys. Tem experiência internacional relevante e mais de 500 jogos arbitrados a nível profissional.
Em teoria tem tudo para realizar um jogo fantástico e, mais tarde, um Europeu com classe.
Vamos torcer por ele/eles, pode ser? Sem provincianismos nem menoridades. Somos bem mais do que isso.