No território clássico do rock'n'roll, este foi um ano marcado por diversas evocações de Janis Joplin: a cantora e compositora americana teria celebrado 80 anos em 2023 — faleceu em Los Angeles, em 1970, vítima de uma "overdose" de heroína, contava 27 anos.
Disponível em streaming, o documentário "Janis: Little Girl Blue" (2015) apresenta um subtil e multifacetado retrato daquela cuja lenda é indissociável de canções como "Piece of My Heart", "Ball and Chain" e "Mercedes Benz". Sem esquecer a sua versão do tema que serve de subtítulo a este filme: "Little Girl Blue", referência emblemática do musical da Broadway, composta em 1935 pela dupla Richard Rodgers/Lorenz Hart, foi gravada por Janis Joplin para o seu primeiro álbum a solo, "I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!" (1969).
A realizadora Amy J. Berg sabe aplicar de forma simples e eficaz a matriz tradicional deste tipo de documentários: uma montagem plena de agilidade entre registos ao vivo (muitos deles pouco divulgados), incluindo também performances de Jimi Hendrix ou John Lennon, além de testemunhos de familiares e pessoas que se cruzaram com Janis Joplin — a narração está a cargo de Cat Power.
De qualquer modo, o que faz a diferença de "Janis: Little Girl Blue" em relação aos exemplos correntes deste modelo documental é o facto de Amy J. Berg ter à sua disposição toda uma colecção de cartas escritas pela cantora. Mais do que a revelação de uma intimidade, trata-se de uma rara antologia de memórias que ajuda a perceber um pouco da identidade de uma artista de insuperável energia musical e dramática. Escusado será acrescentar que as canções de Janis Joplin completam este exercício de descoberta e celebração.
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