Cultura

Sessão de Cinema: “Perdido em Marte”

Ridley Scott, realizador de “Napoleão”, sempre se interessou pelos domínios da ficção científica — assim aconteceu nesta aventura “marciana” protagonizada por Matt Damon.

Matt Damon na sua aventura em Marte: uma história de ficção científica em tom intimista

João Lopes

O veterano inglês Ridley Scott (celebrou 86 anos no passado dia 30 de novembro) está na actualidade cinematográfica graças ao seu "Napoleão", com Joaquin Phoenix. Não que o filme suscite qualquer espécie de unanimidade — bem pelo contrário; aliás, as diferentes leituras e avaliações têm gerado um interessante confronto de pontos de vista. O certo é que Scott continua a ser reconhecido pelos riscos que corre, não necessariamente enquanto realizador, mas sobretudo como produtor, através da sua empresa Scott Free.

Vale a pena, por isso, regressarmos a "Perdido em Marte", um título de 2015 centrado na personagem de um astronauta que ficou "esquecido" em Marte… Mais exactamente: Mark Watney, interpretado pelo excelente Matt Damon, ficou para trás, sem meios de comunicação, de tal modo que, na Terra, o comando da sua missão o dá como morto. Daí o desafio de sobrevivência que enfrenta: não apenas em sentido físico, imediato, mas também no plano técnico — como arranjar meios para transmitir alguma mensagem que possa permitir o seu resgate?

O mínimo que se pode dizer é que, a partir desta história, Scott faz um filme que, além de não depender da banal ostentação de efeitos especiais, possui uma dimensão psicológica rara em muitos títulos de ficção científica. "Perdido em Marte" é, afinal, o drama de um homem solitário e da sua aventura, ora inquietante, ora irónica, para conseguir sobreviver.

"Perdido em Marte" foi nomeado para sete Óscares, incluindo o de melhor filme de 2015. Em boa verdade, não ganhou nenhum, mas ficou como exemplo modelar de um projecto que, embora não sendo estranho às matrizes correntes do grande espectáculo, sabe preservar uma dimensão humana que o distingue dos produtos mais convencionais dessas matrizes.

Sem esquecer, claro, que Scott volta a reunir um elenco de luxo em que, além de Damon, encontramos os nomes de Jessica Chastain, Kristen Wiig, Kate Mara, Jeff Daniels e Michael Peña. Nos Globos de Ouro, foi eleito o melhor filme do ano na categoria de comédia ou musical… O que, em qualquer caso, suscitou uma desconcertante surpresa. Comédia? Musical?

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