Cultura

Sessão de Cinema: “A Pantera Cor de Rosa”

A série de filmes da “Pantera Cor de Rosa” é uma referência incontornável na história da comédia cinematográfica — o primeiro dos seus títulos surgiu há 60 anos.

Peter Sellers no papel do Inspector Clouseau: a grande tradição do humor burlesco

João Lopes

Eis uma efeméride cujo significado talvez escape a muitos espectadores, sobretudo os mais jovens: foi há 60 anos, em dezembro de 1963, que surgiu o primeiro título da série da "Pantera Cor de Rosa", intitulado, precisamente, "A Pantera Cor de Rosa". Mas, se esse esquecimento existe, uma boa maneira de o contrariar será através da oferta do streaming: "The Pink Panther" aí está, como testemunho de um capítulo glorioso da comédia cinematográfica.

Dois nomes são fulcrais na definição deste universo. O primeiro é, obviamente, o de Peter Sellers (1925-1980), genial intérprete do Inspector Jacques Clouseau, empenhadíssimo em esclarecer o enigma do roubo de um precioso diamante que dá pelo nome de… Pantera Cor de Rosa. O outro, por certo mais esquecido, é o do argumentista/realizador Blake Edwards (1922-2010), um multifacetado criador que, infelizmente, nem sempre tem tido o reconhecimento que merece — até porque, importa recordá-lo, Edwards não foi apenas um brilhante autor de comédias, tendo também assinado alguns títulos intensamente dramáticos como "Days of Wine and Roses/Escravos do Vício" (1962), perturbante retrato de um casal de alcoólicos com a dupla Jack Lemmon/Lee Remick.

"A Pantera Cor de Rosa" é um legítimo herdeiro da grande tradição burlesca do cinema mudo a que pertencem, entre outros, Charlie Chaplin e Buster Keaton. E a referência ao mudo adquire uma invulgar pertinência. Claro que é verdade que estamos perante um filme sonoro, mas não é menos verdade que muitos "gags" resultam, não apenas directamente dos diálogos (que são, por vezes, saborosamente delirantes), mas também dos movimentos dos corpos e da tensão visual (e do humor) que pode surgir desses movimentos.

Ponto fundamental no imaginário da Pantera Cor de Rosa é o seu tema musical, composto pelo grande Henry Mancini (1924-1994): uma prodigiosa fusão de ritmo e melodia que valeu ao seu autor uma nomeação para o Óscar de melhor música — ei-lo, num programa televisivo de 1964, a dirigir esse tema, com Tubby Hayes no saxofone.

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