Cultura

Marilyn Monroe: uma memória com 70 anos

Um dos mais célebres filmes de Marilyn Monroe está a fazer 70 anos: em “Os Homens Preferem as Loiras”, ela contracena com Jane Russell.

Marilyn cantando e dançando "Diamonds Are a Girl's Best Friend"

João Lopes

Se há referência universal na história e na mitologia de Marilyn Monroe (1926-1962), será, sem dúvida, o filme "Os Homens Preferem as Loiras" (título original: "Gentlemen Prefer Blondes"), realizado por Howard Hawks. É uma memória com 70 anos: a ante-estreia ocorreu em Atlantic City, no dia 1 de julho de 1953; a sua carreira comercial iniciou-se duas semanas mais tarde, a 15 de julho, em Nova Iorque.

Marilyn contracena com Jane Russell (1921-2011), interpretando duas artistas dos palcos do musical que vivem as mais desconcertantes peripécias na sua relação com os homens — e, em particular, com os que avaliam como potenciais maridos... Tudo isso pontuado por canções como "Diamonds Are a Girl's Best Friend" [video] , numa das cenas mais célebres de toda a filmografia de Marilyn, mesmo para aqueles que só a conheceram através da notável "cópia" que dela fez Madonna no seu teledisco de "Material Girl" (1984).

Estamos no domínio da comédia musical tal como se praticou na década de 50. E o mínimo que se pode dizer é que não há qualquer paralelo temático ou equivalência simbólica com os géneros que actualmente dominam a produção dos principais estúdios de Hollywood (super-heróis & afins…). Aliás, as singularidades de "Os Homens Preferem as Loiras" são inseparáveis das componentes burlescas do cinema de Hawks, brincando com os conflitos homens/mulheres num registo em que, quase sempre, tanto elas como eles existem como caricaturas carinhosas das suas próprias miragens, em especial no domínio amoroso.

Vale a pena assinalar a efeméride, sobretudo para sublinhar as singularidades de um modelo de produção cinematográfica que não sobreviveu para lá do classicismo do cinema americano (ao longo de um processo artístico e industrial que aconteceu entre meados dos anos 50 e a eclosão das superproduções da década seguinte). Sem esquecer que, através do seu humor subtil, por vezes cáustico, "Os Homens Preferem as Loiras" celebra o romantismo de forma ambígua, quer dizer, expondo as suas ilusões.

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