Cultura

Sessão de Cinema: “Dunkirk”

O inglês Christopher Nolan tornou-se um das grandes criadores do espectáculo de Hollywood — neste caso, propondo um épico que revisita um episódio fulcral dos primeiros tempos da Segunda Guerra Mundial.

A visão de Christopher Nolan envolve sempre um requintado tratamento do espaço e da figura humana

João Lopes

Está quase a chegar aos cinemas (dia 20 de julho) uma das maiores apostas deste verão, com assinatura de Christopher Nolan: “Oppenheimer”, sobre o cientista J. Robert Oppenheimer e o desenvolvimento da bomba atómica. Vale a pena, por isso, ver ou rever “Dunkirk”, título de de 2017 que se conta entre as grandes apostas de produção de Nolan, recuando também aos tempos da Segunda Guerra Mundial.

Trata-se de evocar um episódio muito concreto do começo do conflito. Assim, em maio de 1940, cerca de 400 mil soldados britânicos, franceses e belgas ficaram encurralados pelas tropas alemãs nas praias de Dunquerque, no extremo norte da França, a cerca de 10 km da fronteira com a Bélgica — salvá-los seria (e foi) um empreendimento dependente tanto de uma elaborada estratégia militar como do auxílio dos donos dos barcos locais…

Até certo ponto, poderemos dizer que se trata de um curioso e inesperado revivalismo do clássico “filme-de-guerra”. Seja como for, as suas peculiaridades afastam-no das tradições do género, tal como aconteceu, por exemplo, em 1998, com “O Resgate do Soldado Ryan”, de Steven Spielberg. Acima de tudo, ainda que não menosprezando algumas linhas narrativas em torno de personagens individuais, Nolan quis filmar o misto de pânico e ansiedade de uma dramática experiência de sobrevivência.

Os três Óscares que o filme ganhou — nas categorias de fotografia, mistura de som e montagem de som — são definidores de alguns dos seus trunfos. “Dunkirk” vive, de facto, da espectacular grandiosidade dos cenários naturais junto ao mar, tanto quanto do sofisticado envolvimento sonoro (e tanto mais que, por vezes, a ameaça da aviação alemã apenas se ouve…).

Depois de títulos como “A Origem” (2010) ou “Interstellar” (2014), Nolan continuou a distinguir-se, assim, por uma dramaturgia alicerçada tanto nos contrastes da experiência humana como na vocação espectacular do ecrã cinematográfico. Sem esquecer que, por vezes, para lá das memórias históricas, isso o encaminha também para as aventuras da ficção científica — recorde-se que o seu título anterior, “Tenet” (2020), era um exemplo modelar dessa vocação.

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