Cultura

Sessão de Cinema: "Amor à Queima Roupa"

Cruzando uma acção vertiginosa com um tempero de ironia, este "thriller" de 1993 foi um momento importante na afirmação de dois nomes marcantes na história moderna de Hollywood: Quentin Tarantino e Brad Pitt.

Brad Pitt em "Amor à Queima-Roupa": assim nasce uma estrela...
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João Lopes

Eis um daqueles filmes cujo valor de culto foi sendo ampliado pelo prestígio de alguns dos seus (quase) desconhecidos participantes. De facto, "Amor à Queima-Roupa" teve um significativo impacto comercial em 1993 — a história de um traficante de cocaína que se vê subitamente perseguido pelos senhores do crime organizado, além de ser uma variante irónica sobre os "bas fonds" da cidade de Chicago, possui também um misto de acção e ironia que lhe confere uma sofisticada sedução espectacular. Ao mesmo tempo, estávamos perante um argumento assinado por alguém que, um ano mais tarde, se tornaria numa estrela global: Quentin Tarantino, consagrado, em 1994, com a Palma de Ouro do Festival de Cannes por "Pulp Fiction".

Tudo isto sem esquecer que o realizador, Tony Scott (1994-2012) sabe rentabilizar, com eficácia e elegância, os trunfos desse argumento que recupera a tradição do cinema "noir" das décadas de 1930/40, de algum modo transferindo-a para cenários do presente — aliás, com um excelente elenco liderado por Christian Slater e Patricia Arquette. Não era uma surpresa, uma vez que Scott já tinha dado provas das suas qualidades através de títulos como "Fome de Viver" (1983), uma insólita história de vampiros, ou "Top Gun" (1986), transformando Tom Cruise num ídolo global da aventura cinematográfica.

Menos lembrado é o facto de "Amor à Queima-Roupa" (título original: "True Romance") ter sido também um momento decisivo de afirmação de outro nome central na história das mais recentes décadas de Hollywood: Brad Pitt.

Não era um estreante, tendo participado, por exemplo, em "Thelma e Louise" (1991), de Ridley Scott (irmão de Tony Scott), ou "Duas Vidas e um Rio" (1992), belíssimo e muito pouco conhecido filme de Robert Redford. Em "Amor à Queima-Roupa", Brad Pitt compõe um jovem nem sempre em estado muito lúcido… A sua personagem, algures entre o drama e a caricatura, seria decisiva na construção de uma carreira invulgar que o transformaria, também, num produtor apostado em projectos que se distinguem pela sua capacidade de risco e inovação.

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