Cultura

Sessão de Cinema: “Air”

Na tripla qualidade de produtor, ator e realizador, Ben Affleck evoca o nascimento, há quase 40 anos, das sapatilhas Michael Jordan, uma odisseia económica e, uma mesmo tempo, uma saga cultural.

Ben Affleck no papel de Phil Knight, figura central na criação das sapatilhas "Air Jordan"
DR

João Lopes

Há pouco mais de um mês, o mais recente filme produzido, interpretado e realizado por Ben Affleck, “Air”, suscitou especial interesse nos meios cinematográficos por causa da respectiva estratégia de difusão: primeiro nas salas de todo o mundo, depois numa plataforma de "streaming". Foi, sobretudo, um sinal de que os grande estúdios parecem agora mais disponíveis para encontrar noivos equilíbrios entre os circuitos clássicos e a exibição virtual.

Dito isto, importa, sobretudo, valorizar o filme pelas suas qualidades cinematográficas. Estamos, de facto, perante uma verdadeira epopeia sobre aquilo que poderemos chamar a construção de um ícone cultural. Que é como quem diz: Michael Jordan, figura lendária do basquetebol dos EUA. Ou ainda: a criação, pela empresa Nike, em 1984, das sapatilhas “Air Jordan”.

Jordan, em qualquer caso, não chega a ser uma personagem do filme — em boa verdade, surge apenas durante alguns minutos, sempre filmado de costas. Sonny Vaccaro e Phil Knight, interpretados, respetivamente, por Matt Damon e o próprio Affleck, são as figuras centrais: o primeiro é um “caçador de talentos” do mundo do basquetebol; o segundo, fundador e diretor executivo da Nike, seria decisivo na criação das “Air Jordan”, mesmo se, de início, resistiu às sugestões nesse sentido do seu amigo Vaccaro…

O que distingue “Air” de uma banal “reconstituição” dos factos é o seu empenho em dar a ver as múltiplas relações entre as dinâmicas financeiras e os valores culturais, ao mesmo tempo valorizando a complexidade das suas personagens. Daí a importância de um elenco de intérpretes capaz de sustentar as muitas e inesperadas nuances emocionais das relações entre as personagens. Além de Affleck e Damon, é forçoso destacar a presença de Viola Davis, no papel de Deloris Jordan, mãe de Michael, mais uma composição exemplar do seu requintado talento.

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