“Olhando a esta distância, a pior coisa era não ter feito uma análise neste tempo todo e ver onde errei. Ainda não estava preparado. Tinha um ano e meio de treino e os próprios dirigentes do Sporting eram muito jovens no cargo.”
Silas lembra que todos cometeram erros e que atualmente seria diferente: “Hoje em dia, todos nós somos muito melhores, mais experientes. Nessa altura, estávamos todos na mesma situação. Éramos todos muito verdinhos.”
“Jorge Jesus estava muito à frente do seu tempo. Achei não percebia nada de futebol até trabalhar com ele”
Enquanto jogador, Silas trabalhou com Jorge Jesus no Belenenses por duas temporadas. Não tem dúvidas em afirmar que foi o treinador que mais o marcou, apesar de ter trabalhado com José Mourinho na União de Leiria, mas aí apenas por poucos meses: “Tinham algumas semelhanças, mas passei mais tempo com Jorge Jesus. Foi o treinador com o qual mais falei sobre futebol. Aliás, cheguei a pensar para mim que não percebia nada de futebol até trabalhar com ele. Estava muito à frente do seu tempo.”
Silas garante que Jesus era aberto ao diálogo e estava disponível para fazer alguns acertos com base na opinião dos jogadores: “Se fundamentares, ele ouve e pode até mudar alguma coisa.” Os treinos, lembra Silas, eram todos muito intensos e sem espaço para brincadeiras. “Nesse aspeto, enquanto treinador, já sou um bocadinho mais soft.”
“Figo foi o melhor com quem joguei e Quaresma um dos mais talentosos”
Silas representou a Seleção Nacional em cinco ocasiões, onde teve oportunidade de jogar com Luís Figo: “Foi o mais talento que apanhei”, confessa.
“A primeira coisa que me chamou a atenção é que ele nunca perdia uma bola e tomava sempre boas decisões.” Silas estava no Ceuta, em Espanha, na altura em que Figo brilhava no Barcelona e essa parte também serviu de inspiração: “Nessa altura, ele era o melhor jogador que estava em Espanha.”
De uma forma diferente, Silas recorda também Ricardo Quaresma com o qual privou, igualmente, na Seleção: “O Cristiano não apanhei, só joguei contra ele. Mas o Quaresma era um daqueles que eu via e achava que poderia ter atingido um patamar ainda melhor. Era mágico. A seguir ao Figo, foi o mais talentoso que vi. Figo estava num patamar diferente porque tinha um grande compromisso defensivo. Quaresma não era assim. Ele próprio diz que para trás, mandava os outros. Já o Figo, nos seus melhores anos, foi o melhor jogador que vi em toda a minha vida.”