Uma investigação que envolveu cinco países revela que quando o perdão é ensinado e praticado leva a um melhor bem-estar mental e geral. As conclusões são avançadas pelo jornal norte-americano The Washington Post.
O psicólogo Everett Worthington percebeu, enquanto conselheiro matrimonial, que um casal só consegue progredir se os envolvidos se perdoarem quando se zangam.
"O perdão pode mudar a dinâmica das relações", diz Everett Worthington, também professor emérito da Universidade da Commonwealth da Virgínia.
A prática do perdão foi desafiada quando a mãe foi assassinada em 1996. O psicólogo teve de lidar com a própria raiva perante a morte e por uma "investigação inconclusiva" e "ausência de condenação" por parte da polícia.
Worthington dedicou-se a estudar academicamente a ciência do perdão. Desenvolveu livros com exercícios e alertas que permitem explorar sentimentos de raiva e aprender a "deixá-los ir". Um deles procura ajudar as pessoas a tornarem-se mais dispostas a perdoar em cerca de duas horas.
Um estudo do psicólogo e de outros colegas, que foi realizado na Indonésia, Ucrânia, Colômbia, África do Sul e Hong Kong, concluiu que o perdão pode levar a um bem-estar mental e geral quando ensinado, praticado e alcançado.
Mais de 4.500 pessoas (4.598) participaram no estudo: metade realizou os exercícios do livro durante duas semanas, a outra metade foi autorizada a experimentar mais tarde. Duas semanas depois, foi registada uma redução significativa de sintomas de depressão e ansiedade no grupo que fez os exercícios em comparação com o outro.
A investigação foi apresentada na Universidade de Harvard e está a ser analisada para ser publicada numa revista médica.
Se o livro for "amplamente divulgado, os efeitos para a saúde mental da população podem ser substanciais", refere Tyler VanderWeele, co-autor do estudo e professor de epidemiologia na Escola de Saúde Pública T.H. Chan de Harvard.
Mas como se perdoa?
O primeiro passo para o perdão é decidir perdoar, refere o The Washington Post. Precisa de "deixar ir" o sentimento de injustiça e parar de insistir. Isso requer uma escolha consciente para substituir determinado sentimento em relação a uma pessoa por boa vontade.
"O perdão não resolve todos os problemas, mas é libertador", reforça Worthington.