Em 2030 o número de mortes devido à alimentação inadequada deve ultrapassar as provocadas pelo tabaco em Portugal, que gasta 10% da despesa total destinada à saúde no tratamento das doenças derivadas do excesso de peso.
Os alertas constam do novo Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) 2022-2030 da Direção-Geral da Saúde apresentado nesta sexta-feira e que refere que o gasto da saúde com as doenças relacionadas com o excesso de peso equivale a 207 euros anuais por pessoa.
Segundo o documento, os 10% da despesa de saúde que o país dedica ao tratamento destas doenças é superior à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (8,4%), valor que representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
As projeções para 2030 indicam também que, do total de mortes previstas, a percentagem atribuível a erros alimentares será de 13,8% e 12% ao excesso de peso e obesidade, “ultrapassando o tabagismo cuja percentagem projetada de óbitos atribuível será de 11,1%”.
“A alimentação inadequada é uma das principais causas evitáveis de doenças crónicas, perda de qualidade de vida e mortalidade prematura em Portugal. Estima-se que, nos próximos anos, a alimentação inadequada possa ultrapassar o tabaco no `ranking´ dos fatores de risco modificáveis que mais condicionam a carga da doença a nível nacional”, alerta ainda o documento.
A alimentação inadequada, uma das principais causas evitáveis das doenças crónicas não transmissíveis, como a obesidade, cancro, doenças cérebro-cardiovasculares e diabetes tipo 2, contribuiu para 7,3% dos anos de vida perdidos por incapacidade e para 11,4% da mortalidade em 2019.
Os dados agora divulgados sobre a alimentação dos portugueses indicam também que 76% da população portuguesa ingere sal acima do nível máximo tolerado e 24,3% tem um consumo de açúcares superior ao valor máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde, percentagem que é muito superior nas crianças (40,7%) e nos adolescentes (48,7%).
Além disso, 56% da população portuguesa não atinge o consumo diário recomendado de fruta e hortícolas, sendo a percentagem de “inadequação particularmente preocupante no grupo das crianças (72%) e dos adolescentes (78%)”.
O plano destaca também que a obesidade e outras doenças crónicas associadas à alimentação inadequada não atingem por igual todos os grupos da população, uma vez que dados disponíveis sugerem que a obesidade, diabetes e hipertensão arterial “afetam de forma desproporcionalmente as pessoas com maior vulnerabilidade socioeconómica”.