No entanto, a lei não podia estar mais longe da realidade. "O colo que me agarrou" mostra as alegrias, as angústias e os desafios das famílias que decidem acolher crianças em perigo. E a diferença que essas famílias podem fazer na vida de uma criança acolhida.
Porque é que Portugal está nos últimos lugares no que toca a famílias de acolhimento?
Acolher uma criança é um processo complexo, acompanhado de perto por equipas multidisciplinares.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa começou a apostar no acolhimento familiar há cinco anos. Desde aí já foram acolhidas 174 crianças e atualmente têm uma bolsa com 100 famílias.
Quando as crianças não estão com a família biológica por abandono ou decisão da justiça, o tribunal tem de definir o projeto de vida da criança.
Se volta para os pais, se fica com outro familiar, ou se é adotada. Enquanto espera há duas hipóteses: ou uma família de acolhimento ou uma casa de acolhimento.
Os dados da Unicef mostram que Portugal é país europeu com mais crianças em perigo institucionalizadas. Ao contrário de outros países, em Portugal quem acolhe não pode adotar. Mesmo que a adoção seja a decisão do tribunal.
Qualquer pessoa com mais de 25 anos pode candidatar-se a família de acolhimento. Tem de ser avaliada e considerada capaz de acolher uma criança em risco.
Para ajudar no processo de adaptação, tem direito a licença de paternidade, igual às dos pais biológicos, independentemente da idade da criança. Tem prioridade na inscrição em creches e no acesso a cuidados de saúde para a criança.
Todos os meses recebe um apoio financeiro da segurança social. O valor vai depender do rendimento da família.
Em Portugal, 95% das crianças em risco estão institucionalizadas, apenas 5% estão no colo de uma família.