Grande Reportagem SIC

Quando a sala de consumo (de drogas) é porto de abrigo

O assunto pode ser controverso, mas desde 2001 que está previsto na lei, em Portugal. Falamos das salas de consumo de drogas. Há três no país: duas fixas, em Lisboa; uma estrutura amovível que é um contentor e é a resposta no Porto e uma unidade móvel, a funcionar apenas na zona oriental da capital.

Catarina Neves

São espaços legais adaptados a quem fuma e injeta drogas ilícitas levadas por quem as vai usar e apenas para consumo próprio.

Nas salas trabalham assistentes sociais, enfermeiros e os chamados pares, pessoas que já consumiram drogas diariamente e que hoje são adictos à recuperação. Estão todos nos espaços para facilitar os consumos, garantir segurança e higiene no uso dos materiais de consumo, prevenir e ajudar no caso de overdose.

Em duas das salas de consumo é ainda possível tomar duche e em todas há refeições ligeiras, consultas médicas e respostas para questões como busca de emprego, de habitação e encaminhamento para tratamento, caso seja essa a vontade do consumidor.

Na sala de consumo do Porto, a equipa técnica e consumidores de drogas queixam-se de falta de espaço.

A APDES (Agência Piaget para o Desenvolvimento) garante que já deu conta dessa inquietação à Câmara Municipal do Porto que, no entanto, prefere falar na abertura de mais salas no grande Porto em vez do aumento da que já existe.

A que está de portas aberta desde agosto de 2022 é gerida pelo consórcio "Um Porto Seguro" do qual fazem parte a SAOM (Serviços de Assistência Organizações de Maria), a Arrimo (Organização Cooperativa para Desenvolvimento Social e Comunitário), a Cruz Vermelha Portuguesa Porto e a APF (Associação para o Planeamento da Família).

Para quem usa aquela sala ela é, tantas vezes, o único "porto de abrigo". Só lhe falta ter onde abrigar mais os que a procuram.

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