A nova Garantia Pública, já em vigor, permite aos jovens até 35 anos obter 100% do valor de uma casa em crédito à habitação, com o Estado a funcionar como fiador para os 15% da entrada que normalmente seria exigida. Apesar de parecer uma oportunidade vantajosa, há detalhes importantes a considerar.
Primeiro, a medida não oferece um "desconto" direto, mas facilita a compra da casa, permitindo aos jovens endividarem-se mais para adquirir o imóvel mais cedo. Contudo, economistas, como Vera Gouveia Barros, alertam para possíveis impactos negativos, como o aumento dos preços das casas. Com a maior disponibilidade de financiamento, os vendedores podem aumentar os preços, o que pode acabar por beneficiar quem já tem mais recursos.
Embora a Garantia Pública já esteja disponível, os protocolos com os bancos ainda precisam de ser assinados, e as instituições terão até dois meses para implementá-la. Ou seja, os jovens só poderão efetivamente utilizar esta medida a partir de dezembro.
Um exemplo prático mostra os custos adicionais. Se um jovem adquirir uma casa de 300 mil euros, pedindo um empréstimo com 100% do valor, a prestação mensal será de 1.292 €, contra 1.163 € se der uma entrada de 10%. No total, isto representaria cerca de 54 mil euros a mais no final do empréstimo. Além disso, o seguro de vida também será mais elevado devido ao maior valor em dívida.
Outro fator a ter em conta é a taxa de esforço, que mede a relação entre o rendimento e o valor da prestação mensal. Para conseguir um empréstimo de 1.200 euros, um casal jovem precisaria de ter rendimentos líquidos de 3.000 euros. Isso significa que, mesmo com a garantia do Estado, muitos jovens podem ver o pedido de crédito recusado se a taxa de esforço for considerada alta.
Caso os jovens consigam o crédito, uma recomendação é amortizar o máximo possível nos primeiros anos, quando os juros são mais altos, tentando assim reduzir o impacto financeiro ao longo do contrato.