Talvez ache isto muito estranho, mas nos primeiros meses deste ano, a eletricidade tem estado quase de graça. Se tem um tarifário indexado já deu por isso, mas quem nunca mudou de empresa fornecedora de eletricidade continua a pagar e, em alguns casos, bem caro.
Neste mês de junho, a sua fatura pode aumentar outra vez, mas também pode não acontecer. Tudo depende da empresa onde estiver. Este tema é complicado, por isso vai ter de prestar muita atenção. Está pronto? Vamos a isto.
A sua fatura é composta por duas partes: o custo de levar a eletricidade até sua casa, que são as tarifas de acesso às redes (inclui as centrais, os postes e os cabos de alta tensão), e depois a eletricidade que consome em sua casa e que paga à sua empresa por cada kWh.
O que aumentou em junho para todos é a Tarifa de Acesso às redes. Porquê? Estava previsto os produtores de eletricidade terem um determinado lucro, mas como a energia produzida pelas barragens, eólicas e painéis solares está quase de graça, os rendimentos foram menos de metade do previsto.
E agora quem é que vai ter de pagar essa diferença? Os consumidores, através da tarifa de acesso às redes que está incluída na sua fatura. Esse aumento, definido pela ERSE, aconteceu desde o dia 1 de junho.
Quem estiver no mercado regulado, ou seja, na empresa SU Eletricidade, pode ficar descansado porque o aumento vai ser compensado pela diminuição do preço do kWh. Para estes 900 mil clientes, vai ficar tudo na mesma. Com as alterações previstas até vai descer uma décima.
O problema é que em todas as outras empresas, como cada uma pode fazer o preço que quiser, é difícil perceber se vão compensar esse aumento das tarifas de acesso, baixando o preço da energia. Se não baixarem essa parte da fatura, a sua conta da luz vai subir cerca de 8, 10 ou 15 euros, e nem vai perceber porquê.
Vamos agora à segunda parte do problema. Também a partir de junho, todas as empresas vão passar a pagar do seu bolso o desconto da tarifa social de energia, a que as famílias mais pobres têm direito. É um desconto de 33% na fatura da luz dado automaticamente a quem mais precisa.
Até agora eram só os produtores de eletricidade que pagavam essa diferença. O problema é que a ERSE deixou ao critério de cada empresa cobrar esse valor ou não aos seus clientes. Assim, haverá empresas que vão suportar elas próprias esse custo e empresas que vão somar isso à fatura dos clientes.
É mais uma subida que pode vir a ter em junho.