Expresso da Manhã

"Dos quase 2.000 obstetras que existem em Portugal, nem metade está no SNS"

Paulo Baldaia analisa a situação das urgências este verão, em especial a situação crítica nos serviços de ginecologia e obstetrícia. "Os médicos estão mal distribuídos", considera o comentador da SIC.

Paulo Baldaia

SIC Notícias

Este verão há novamente urgências fechadas, um problema que requer soluções estruturais que, no entender de Paulo Baldaia, não estão a ser planeadas. No Expresso da Manhã desta segunda-feira, o comentador da SIC aponta críticas ao Governo e também à Ordem dos Médicos.

"Nós já percebemos que faltam médicos. A Ordem [dos Médicos] está sempre a dizer que não é possível aumentar o numerus clausus, porque depois não é possível dar a formação aos alunos, mas alguma coisa tem que ser feita e, neste caso específico, dos obstetras, por exemplo, para ter abertas as urgências, há um número determinado de médicos obstetras que têm que estar numa urgência para poder estar aberta, mais enfermeiros, mais funcionários especializados nos hospitais.

Bastou que alguém se lembrasse de fazer a questão sobre se não era possível diminuir o número de médicos necessários para abrir uma urgência para ser possível, pelo menos, pensar no assunto e diminuir o número de médicos. A pergunta que se faz é: mas porque é que só descobriram agora que era possível ter uma urgência aberta com menos médicos?", realça Paulo Baldaia.

O comentador da SIC considera que além da falta de médicos, sobretudo em certas especialidades, os médicos também estão mal distribuídos.

“Os quase 2.000 obstetras que existem em Portugal, nem metade está no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o que significa que não é possível ter estas urgências todas abertas, principalmente na zona de Lisboa, onde estão os problemas e é preciso concentrar urgências”.

Questionado sobre o que separa PS e PSD e que os impede de encontrarem uma solução para resolver problemas que se repetem ano após ano, seja quem for que está no Governo, Paulo Baldaia diz que há muita coisa a separar na visão que cada um dos partidos tem sobre a saúde, mas sobre estas questões específicas “não há nada a separá-los de efetivo”.

"É preciso é ter em conta que, obviamente, se que os obstetras são pagos entre três a cinco vezes mais no privado do que no público, há aqui um problema base para resolver, é preciso tornar atrativa a carreira no SNS e isto tem que ser resolvido, tanto por um Governo do PS como por um governo do PSD (…) Ou resolvem o problema de tornar mais atrativa a carreira no SNS de forma a competir com o privado, pois a solução não é aquela que nós vimos. Aconteceu o ano passado, está a acontecer neste ano que, em alguns casos, empurra as grávidas para o privado.

Ora, se o Estado paga é capaz de pagar ao privado para resolver alguns problemas pontuais, porque é que não é capaz de se encontrar com os profissionais da saúde, não apenas os médicos, mas sobretudo os médicos para tornar prática a carreira do SNS e resolver alguns destes problemas?", questiona o comentador da SIC.

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