Foi esta segunda-feira, através de um curto comunicado, que o grupo parlamentar do Chega anunciou que Gabriel Mithá Ribeiro tinha renunciado ao mandato, sendo substituído por Rui Fernandes. Poucas horas depois, André Ventura desvalorizou a saída, sustentando que "em todos os partidos, há deputados que renunciam, que suspendem os mandatos".
Os motivos para a saída não foram revelados, mas sabe-se que a relação com o partido nem sempre foi fácil. Segundo o Jornal Expresso, o agora ex-deputado do Chega terá feito críticas à postura de Ventura, dizendo que é "inteligente", mas que mostra pouca abertura e profundidade para falar sobre alguns assuntos.
"Ele acaba por ficar limitado pela intuição"
Estas considerações terão sido feitas durante uma entrevista, em 2021, que foi publicada agora no livro "Por Dentro do Chega", do jornalista Miguel Carvalho. Mithá Ribeiro diz que Ventura "tem uma inteligência rara, intuição, não é um autómato, fala com o coração, mas a intuição e o coração limitam os temas", revelando ainda que chegou a enviar discursos, mas o líder do Chega recusou-se a ler: "Ele acaba por ficar limitado pela intuição."
Falou, ainda, sobre o tipo de linguagem utilizada por alguns membros do partido, defendendo que "temas arriscados" como "o fascismo" e "o racismo" deviam ser discutidos com os militantes. "São temas férteis para nós, mas não podem ser discutidos à taberneiro ou rebentamos com o nosso caminho de afirmação".
Gabriel Mithá Ribeiro teve altos e baixos ao longo do seu percurso no Chega. Há três anos, em julho de 2022, o deputado pediu a demissão de vice-presidente do partido por causa da liderança do gabinete de estudos do Chega. Mas um mês depois da ‘zanga’, Mithá Ribeiro e Ventura anunciavam as pazes num vídeo a dois divulgado nas redes sociais.