Há mais um dado preocupante sobre a mortalidade infantil. Os últimos números do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que houve um acentuado aumento de óbitos na Península de Setúbal e nos Açores. Na análise destes dados na SIC Notícias, Francisco Goiana da Silva sublinha: "Não consigo afirmar com 100% de certeza que uma coisa justifica a outra, mas mas há outra dimensão, a dúvida existe".
"Eu visitei os Açores, o sistema de saúde dos Açores, que é uma região do país mais remota, há duas semanas atrás. E, de facto, percebe-se lá perfeitamente que o problema e a dificuldade de acesso a cuidados de saúde determina muito mais níveis de mortalidade. E, portanto, nós estamos a comparar uma região de Lisboa e Vale do Tejo com os Açores, só que os Açores são ilhas, de facto não há hospitais em todas as ilhas.
Provavelmente há uma associação, isto tem de ser visto como uma linha vermelha. Uma criança nascer na Península de Setúbal deixa-a mais em risco do que uma criança nascer em Lisboa ou no Porto, isto é inadmissível", considera o comentador da SIC.
No entender de Goiana da Silva, a ministra da Saúde "só tem uma saída: para não perder o peso da sua palavra, tem de se deixar de paninhos quentes e de conversinhas de meio termo e precisa de governar".
Na opinião do comentador da SIC, Ana Paula Martins tem de chamar imediatamente os autarcas daquela região e os presidentes dos conselhos de administração.
"O que é que anda a fazer o presidente do conselho de administração do Hospital Garcia da Horta, que, pelo que sei, se comprometeu a manter aquilo aberto e não o conseguiu fazer", questiona Goiana da Silva.
O Bastonário da Ordem do Médicos aponta a falta de profissionais como o grande problema do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que completa hoje 46 anos de existência. Carlos Cortes diz que o serviço atravessa dos piores momentos desde a criação.
O Ministério da Saúde emitiu um comunicado em reação ao encerramento das urgências de ginecologia e obstetrícia do Garcia de Orta e culpa os médicos tarefeiros.
"Aqui a culpa não está só de um dos lados (...) os médicos tarefeiros, deixem-me que lhe diga, de facto, isto ninguém os controla. Aparecem se quiserem, se não quiserem não aparecem. Eu aqui queria elogiar a entrevista que o Sr. bastonário da Ordem dos Médicos deu, acho que durante o fim de semana, em que disse que tudo o que implicar questões deontológicas de falhas de médicos, à Ordem deverá ser reportado", realça Goiana da Silva.