País

Cheias no Tejo foram minimizadas devido a "boa gestão" com Espanha

O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente explicou que os níveis de precipitação provocados pela depressão Martinho, que bateram recordes na região de Madrid, levaram muita água na bacia do Alto Tejo a deslocar-se para Portugal.

(Arquivo)
PAULO CUNHA

Lusa

O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disse esta quinta-feira à Lusa que a gestão articulada com Espanha permitiu minimizar o efeito das cheias no leito do rio Tejo provocadas pela depressão Martinho.

Na semana passada, tanto Espanha como Portugal estiveram sob a influência da depressão, com a região de Madrid a ser das mais atingidas, levando a um raro alerta de risco de transbordo do rio Manzanares.

A tempestade bateu recordes de precipitação na região de Madrid e, "portanto, muita água na bacia do Alto Tejo, que se deslocou para Portugal", disse José Carlos Pimenta Machado.

A subida das águas do rio Tejo provocou mesmo o colapso de dois troços de uma ponte romana em Talavera de la Reina, no município de Toledo, no centro de Espanha.

"Foi preciso fazer uma gestão muito articulada, quer com a Espanha, quer com os concessionários portugueses das albufeiras, com a proteção civil (...) para minimizar o efeito das cheias", disse Pimenta Machado.

"Obviamente há algumas zonas ali, em particular na Golegã, em que alguns campos foram inundados, mas, apesar de tudo, foi uma coisa muito limitada e acho que fez-se aqui uma boa gestão", defendeu o dirigente.

Contexto foi “muito parecido” ao das cheias de 2013

Pimenta Machado recordou as cheias de 2013, em que, "com uma precipitação muito equivalente, foram registados em Almourol, a jusante de Constância, caudais muito próximos de dez mil metros cúbicos por segundo.

"Desta vez, por efeito desta combinação da gestão das albufeiras, atingimos o máximo dos 2.800 metros [cúbicos] por segundo, num contexto muito parecido", referiu o presidente da APA.

Pimenta Machado prometeu ainda que a APA retirou lições das seis tempestades que atingiram o país desde o início do ano, para, "acima de tudo melhorar a gestão nos próximos eventos climáticos".

"Temos que preparar o país para isto. O clima está a mudar, é um facto. Estamos num tempo de bater recordes de precipitação, recordes de aumento de temperatura", alertou o dirigente.

Pimenta Machado sublinhou também o impacto tanto do Martinho como da tempestade Jana em "zonas muito vulneráveis à erosão costeira, como a Figueira da Foz, mas também toda a zona ali de Ovar, Furadouro".

Em novembro, a APA disse que Portugal já perdeu para o mar, entre 1958 e 2023, uma área de 13,5 quilómetros quadrados, equivalente a 1.350 campos de futebol, - e que 20% da costa, 180 quilómetros, estão em risco de erosão costeira.

Últimas