Marta Temido afirma que é “impossível” o PS votar a favor da moção do Governo. Para a antiga ministra e atual eurodeputada socialista, os portugueses não compreenderiam se houvesse esse voto de confiança, após as polémicas que têm atingido o primeiro-ministro.
Em entrevista à SIC Notícias, este sábado, a socialista defendeu que “dar uma moção de confiança a este primeiro-ministro e a este Governo é impossível”.
“Pedir ao Partido Socialista que dê uma moção de confiança a um primeiro-ministro que se colocou (...) numa situação de desconfiança, para além de ser primeiro-ministro de um governo que implementou políticas profundamente erradas - falo da área mais evidente, que é a área da saúde - é, de facto, algo que os portugueses não compreenderiam”, declarou.
Para Marta Temido, Luís Montenegro só tem apresentado desculpas “de mau pagador” e arrastado o país para uma situação “dificílima”.
O líder socialista, Pedro Nuno Santos, apelou, na última noite, ao primeiro-ministro para que não avance com a moção de confiança, de forma a evitar que o Governo caia e que o país vá a eleições. Se a moção for votos, será chumbada pelos socialistas, tem garantido o PS.
Hospitais em PPP? É já “campanha política”
Marta Temido acusa o Governo de estar já em campanha para as eleições, ao anunciar que cinco hospitais vão passar a parcerias público-privadas (PPP). A antiga ministra da Saúde fala numa decisão tomada à “25.ª hora”.
O Governo vai converter em PPP os hospitais de Braga, Amadora-Sintra, Vila Franca de Xira, Loures e Garcia de Orta. A resolução foi aprovada esta sexta-feira em Conselho de Ministros.
Marta Temido fala na “antecipação” de “um argumento” que o atual Governo pretende “utilizar em campanha política”.
“Parece-me que foi uma decisão tomada numa 25ª hora”, declarou a ex-ministra da Saúde.
A atual ministra, Ana Paula Martins, argumentou, este sábado, que os estudos realizados sobre PPP na Saúde apontam benefícios para os utentes e para os profissionais de saúde.
Mas Marta Temido afirma que as avaliações deste modelo “só mostram os seus resultados económico-financeiros, não mostram todas as outras dimensões que um contrato de gestão em parceria público-privada tem e que são as suas desvantagens”.
“E, sobretudo, não apostando naquilo que é o aspeto que é verdadeiramente reformador: a mudança das regras de gestão”, sublinhou a ex-ministra socialista, que ocupa agora as funções de eurodeputada.
“Nenhum gestor privado, por melhor que fosse, com as regras que atualmente o setor público tem, gerirá melhor”, declarou.