O ataque realizado este domingo pela Rússia à capital da Ucrânia, que implicou 805 drones e mísseis, foi a maior investida do género desde o início da guerra, matando pelo menos duas pessoas, avançaram as autoridades ucranianas.
O ataque "foi o maior ataque russo com drones desde o início" da invasão em larga escala da Ucrânia, afirmou o porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, Yuriy Ihnat, em declarações à agência de notícias norte-americana Associated Press.
O ataque atingiu também outras cidades como Odessa, vários prédios ficaram destruídos e três pessoas feridas. Nesta cidade portuária, os drones russos também atingiram um prédio de nove andares, um armazém, um carro e um recinto desportivo.
Segundo a Força Aérea, a Ucrânia conseguiu abater e neutralizar 747 drones e quatro mísseis, mas houve nove impactos de mísseis e 56 ataques com drones em 37 locais de todo o país, tendo os detritos das armas caído em oito áreas.
Os jornalistas da Associated Press presentes em Kiev relataram ter visto uma coluna de fumo a subir do telhado do edifício do conselho de ministros de Kiev. Mas a confirmação veio através do autarca de Kiev, Vitali Klitschko.
Até agora, a Rússia evitou sempre atingir edifícios governamentais no centro da cidade.
O edifício alberga os gabinetes dos ministros ucranianos, pelo que a polícia bloqueou o acesso aos arredores enquanto os camiões de bombeiros e ambulâncias chegavam.
As autoridades ucranianas disseram que duas pessoas morreram e pelo menos 17 ficaram feridas no ataque.
Casa de jogador do Benfica atingida
Também há a informação de que a casa de família do jogador do Benfica, Heorhiy Sudakov, foi atingida. Foi o próprio jogador ucraniano, através das redes sociais, que revelou a situação.
Sudakov mostrou ainda os estragos causados. A família do jogador escapou ilesa, mas apanhou um grande susto.
O clube da Luz deixou uma mensagem de apoio ao jogador nas redes sociais.
"O mundo deve responder a esta destruição com ações"
"Pela primeira vez, um edifício governamental foi danificado por um ataque inimigo, incluindo o telhado e os andares superiores", disse a primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, adiantando que o edifício "será restaurado, mas as vidas perdidas não podem ser recuperadas".
"O mundo deve responder a esta destruição não apenas com palavras, mas com ações. É necessário aumentar a pressão das sanções - principalmente contra o petróleo e o gás russos", defendeu.
As duas pessoas mortas eram uma mãe e o seu filho de 3 meses, cujos corpos foram retirados dos escombros pelas equipas de resgate, anunciou o chefe da administração municipal de Kiev, Tymur Tkachenko, acrescentando que pelo menos 10 locais em Kiev foram danificados no ataque.
Este ataque de grandes dimensões foi o segundo com drones e mísseis russos a atingir Kiev num período de duas semanas, numa altura em que as esperanças de conversações de paz diminuem a cada dia.
Aliados da Ucrânia prometeram enviar tropas
O ataque aconteceu depois de os líderes europeus terem pressionado o Presidente russo, Vladimir Putin, para negociar o fim da guerra, com 26 aliados da Ucrânia a prometerem enviar tropas como "força de segurança" para o país invadido assim que os combates terminarem.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a II Guerra Mundial (1939-1945).
Apesar de já terem decorrido mais de três anos desde o início da invasão russa da Ucrânia e da pressão feita pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, para aproximar as partes, as propostas para um acordo de paz entre Moscovo e Kiev têm fracassado.
O líder russo, Vladimir Putin, exige que a Ucrânia ceda territórios e renuncie ao apoio ocidental e à adesão à NATO, condições que Kiev considera inaceitáveis, reivindicando, pelo seu lado, um cessar-fogo imediato como ponto de partida para um acordo de paz, a ser salvaguardado por garantias de segurança.
Quase 60% das armas usadas pela Ucrânia são produzidas no país
Volodymyr Zelensky diz que quase 60% das armas usadas na linha de frente da guerra são produzidas na Ucrânia. O Presidente ucraniano garante que são armas poderosas e com tecnologia de ponta.
Kiev tem-se concentrado na produção de drones e de defesas aéreas como forma de proteger as cidades dos ataques russos.
Zelensky diz que a aposta no fabrico nacional de armamento garantirá a defesa da Ucrânia no futuro.
Com Lusa