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Miguel Relvas sobre desagregação de freguesias: "É um retrocesso que vamos pagar caro daqui a 20/30 anos"

O ex-ministro social-democrata deu uma entrevista à SIC Notícias no mesmo dia em que o Parlamento desfez o mapa de freguesias que construiu há precisamente 12 anos. Miguel Relvas diz que se trata de um retrocesso e critica o que chama de lobbys autárquicos.

Mariana Jerónimo

O Parlamento aprovou, esta sexta-feira, a desagregação de 135 uniões de freguesias que estavam unidas desde 2013 e que dão agora origem a 302 "novas" freguesias. No Parlamento ouviram-se críticas à lei de reorganização administrativa do território que, na altura, reduziu 1.168 freguesias no continente de 4.260 para as atuais 3.092.

Em entrevista à SIC Notícias, o ex-ministro social-democrata fala num "retrocesso" que teve o apoio do seu próprio partido.

"A mim custa-me porque acho que é um retrocesso. E os retrocessos são algo que nós pagamos a dobrar porque vamos precisar de tempo para recuperar. Há mais de 100 anos que não se fazia uma reforma desta dimensão", sublinha Miguel Relvas.

A proposta, no entanto, acabou por ser aprovada com votos favoráveis do PSD, PS, BE, PCP, Livre e PAN - que se uniram para romper com esta lei.

Chega e IL podem ameaçar o PSD nas autárquicas?

Com as eleições autárquicas previstas entre setembro e outubro, Miguel Relvas recorda que existem duas forças políticas que ganharam projeção nos últimos quatro anos: Chega e Iniciativa Liberal (IL).

Duvida que algum destes partidos consiga ganhar Câmara Municipais, mas alerta para a possibilidade de "roubarem" votos ao PSD.

"Câmaras não ganham, mas ganhando um ou dois vereadores pode ser o suficiente para impedir o PSD de ganhar Câmaras Municipais ou para as perder."

"O PSD tem que ser capaz de perceber que tem que ser capaz de ter os melhores candidatos não só em Lisboa e no Porto, mas em todo o país. Tem que olhar para os setores mais dinâmicos da sociedade, tem que ter um grande espirito de abertura à independência", acrescenta.

Miguel Relvas considera "sólida e de peso" a candidatura de Alexandra Leitão à Câmara Municipal de Lisboa (CML) e deixa um aviso a Carlos Moedas: "Ele tem que saber que uma aliança com a Iniciativa Liberal (IL) é fundamental".

"O engenheiro Carlos Moedas tem tudo para ganhar a Câmara Municipal de Lisboa (CML). Precisa ter uma boa política de coligações, mas precisa acima de tudo de ter eficiência na gestão".

"Há um cansaço muito grande em relação ao PR"

Na visão do ex-ministro social-democrata, o eleitorado está cansado de Marcelo Rebelo Sousa, o que tem acelerado a discussão das eleições presidenciais marcadas para o início de 2026.

Garante ainda que o seu apoio está reservado ao candidato apresentado pelo PSD e afasta qualquer aproximação ao almirante Gouveia e Melo.

- Com Lusa

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