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Plano para o SNS: "Queremos fazer tudo rápido e depois dá asneira"

Francisco Goiana da Silva critica as "altas expectativas" geradas pelo Governo, que transformou o plano de emergência para a Saúde num "plano de marketing e propaganda" durante as eleições. O médico reconhece a existência de boas medidas, mas fala em "prazos que não são realistas".

Francisco Goiana da Silva

Daniel Pascoal

O Plano de Emergência e Transformação na Saúde tem dado que falar, não necessariamente pelas melhores razões. Um relatório externo, já entregue ao Governo, aponta algumas falhas: cinco medidas consideradas urgentes e outras 16 prioritárias não foram concluídas dentro do prazo.

A situação não surpreende Francisco Goiana da Silva, comentador da SIC. “Só quem não queria não percebeu logo no início”, diz o médico sobre um plano que considera “demasiado politizado”.

“Ainda durante a campanha eleitoral, viu-se o Governo a converter a necessidade de haver um roteiro para melhorar a capacidade de resposta do SNS num plano de marketing e propaganda. Essa ideia de que todos os problemas seriam resolvidos com uma varinha de condão penetrou no eleitorado e criou grandes expectativas”, afirma Goiana da Silva, que reconhece a existência de “boas medidas”, mas “pouco realistas no período temporal".

“Estamos a pôr em risco a confiança das grávidas”

Para exemplificar o excesso de otimismo do Executivo, o médico dá o exemplo das cirurgias oncológicas - “a ideia que iam acabar com todas as listas de espera não fazia sentido” - e do novo sistema de triagem para as grávidas, através da Linha SNS24, que tem sido alvo de críticas nos últimos dias.

“Queremos implementar tudo rápido e depois dá asneira (…) O que acontece agora é uma linha que não tem capacidade e estamos a pôr em risco a confiança das grávidas no sistema.”

Neste caso, Goiana da Silva explica que o novo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde “mudou as regras do jogo” e fez o Sistema Integrado de Informação de Prestadores “depender unicamente das Unidades Locais de Saúde”.

“Ou seja, se uma ULS tiver alguma falha, não há ninguém, de forma centralizada, que consiga corrigir a informação a qual os atendedores do SNS24 acedem para informar as grávidas”, salienta o comentador da SIC, considerando que “tem de haver uma entidade central que supervisione o processo”.

No habitual espaço de análise na SIC Notícias, Francisco Goiana da Silva faz ainda o balanço de 2024, um “ano atribulado”, com medidas e estratégias marcantes, positivas e negativas.

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