Além da crispação política, a crise no INEM está a desencadear também uma intervenção da justiça. O Ministério Público está a investigar mais duas mortes alegadamente ligadas às falhas no INEM. O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar diz que são precisas medidas urgentes e que a mudança de ministra só atrasaria o processo.
O Ministério Público abriu um inquérito à morte de um homem de 84 anos em Mogadouro a 8 de novembro. Depois de uma espera de 50 minutos na ligação para o 112, foi levado para o hospital de Bragança pela família. Morreu uma semana depois.
Também a morte ocorrida em Tondela de uma mulher de 94 anos em paragem cardiorrespiratória, que aguardou 45 minutos até que a chamada fosse transferida para o CODU, está a ser investigada.
São já sete os inquéritos abertos pelo Ministério Público.
A morte em Ansião acabou arquivada e sobre os dois casos, ocorridos em Pombal e Ponte de Sor, a procuradoria aguarda informações para decidir se avança com a investigação.
As mortes ocorreram durante o período de uma greve sem serviços mínimos.
A ministra da Saúde já pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde para averiguar as responsabilidades do instituto no incumprimento dos serviços mínimos na segunda feira.
A greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar juntou-se a paralisação da função pública, o que deixou menos de uma dezena de profissionais a atender chamadas em todo o país.
Com o pior número de atendimento dos últimos 10 anos, Ana Paula Martins ficou debaixo de fogo da oposição.
Seis meses de governação não colocaram urgência num serviço. Partidos e também os médicos pediram a demissão de uma ministra, que o sindicato agora segura.
A Associação dos Técnicos de Emergência Médica propôs à ministra da Saúde a criação de uma task-force para que se encontrem soluções para o INEM, numa altura em que a associação de administradores hospitalares alerta para o risco de um sentimento de insegurança quanto ao INEM levar a um retrocesso que vai de novo encher as urgências dos hospitais.