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Caso EDP: Manso Neto mantém-se à frente de uma empresa energética, apesar de ser acusado de corrupção

O antigo administrador da EDP é agora diretor-executivo da Greenvolt, outra empresa que se dedica às energias renováveis.

João Maldonado

Vítor Caldas

Eduardo Horta

Depois de ser acusado de corrupção, João Manso Neto mantém-se como diretor-executivo na empresa onde trabalha desde que saiu da EDP. O novo procurador-geral da República reconhece atrasos na investigação.

Até à acusação neste processo foram necessários 12 anos. "Era um processo muito técnico”, admite o procurador-geral Amadeu Guerra.

“Ouvimos pareceres de várias entidades que demoraram muito tempo. Muitas vezes, até nem tinham pessoas para fazer perícias financeiras”, confessa. “Os meios são escassos e o dinheiro de Portugal também é escasso."

João Manso Neto era o braço direito de António Mexia na EDP. Depois de, em 2021, ter sido obrigado, por uma decisão do juiz Carlos Alexandre, a abandonar a administraçãoda empresa energética, foi desafiado para ser diretor-executivo da Greenvolt, outra empresa criada nesse mesmo ano, que se dedica às energias renováveis. Quando foi convidado, era já público que estava a ser investigado no caso EDP.

Contactada pela SIC, a Greenvolt remeteu comentários para mais tarde, sem responder se o CEO informou a empresa da acusação.

E os outros acusados no Caso EDP?

Outro arguido acusado no processo EDP, Miguel Barreto, era diretor-geral de Energia e Geologia. O Ministério Público acredita que entrou no alegado pacto corruptivo a troco de uma promessa de continuidade no cargo, feita pelo então ministro da Economia Manuel Pinho.

Hoje lidera a Gesto, uma consultora que fundou também no ramo da energia.

A SIC tentou, sem sucesso, obter esclarecimentos junto da empresa.

Também acusado por corrupção, João Conceição mantém o lugar de administrador na REN, um cargo que ocupa desde 2009 e para o qual foi reconduzido três vezes.

Conceição entrou para a empresa depois de ter saído do gabinete do ministro Manuel Pinho.

Contactado pela SIC, Conceição disse apenas que não vai demitir-se e que aguarda o parecer da Comissão de Ética.

Rui Cartaxo, que foi diretor-executivo da REN, trabalhava também no gabinete de Manuel Pinho. Passou depois pelo Conselho de Administração do Novo Banco. Não é público se desempenha funções neste momento.

Depois de ser afastado da liderança da EDP, António Mexia não voltou a desempenhar qualquer cargo em Portugal, não estando neste momento a trabalhar.

Quanto a Manuel Pinho, está também retirado. Enfrenta uma condenação de 10 anos de cadeianum outro processo, onde foi considerado um agente infiltrado do BES no Governo de José Sócrates.

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