A falta de recursos humanos é um dos principais problemas que assombram o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e tem contribuído para a crise que este atravessa. O Governo de Luís Montenegro, que tomou posse este ano, procedeu à alteração do modelo de contratação de médicos. Mas terá sido a melhor decisão?
De acordo com Francisco Goiana da Silva, o ano de 2023 registou o "segundo número mais alto da história de fixação de médicos de Medicina Geral e Familiar". Em apenas dois meses, entre maio e junho, foram contratados quase 400 médicos de família.
Este ano registou-se uma redução de 43% de médicos de famílias contratados sendo que, entre junho e outubro, apenas foram contratados 226 em comparação com 2023.
Na opinião do médico e comentador da SIC, as alterações feitas este ano refletem um cenário de "confusão" e "excesso de burocracia".
"Em junho deste ano, o novo Governo recém-empossado, decidiu alterar as regras de recrutamento e abandonar o modelo centralizado de 2023 para fomentar modelos locais da responsabilidade das Unidades Locais de Saúde (ULS). Fez isto, obrigando ao lançamento de dezenas de concursos públicos com necessidade de publicação em Diário da República. Ainda que isto fizesse sentido na teoria, na prática, foi uma confusão, foi um excesso de burocracias", refere Francisco Goiana da Silva.
Mas haverá margem para corrigir a discrepância entre estes resultados?
"Isto foi a primeira época deste concurso, todos os anos têm sempre duas épocas. Qual é a nossa esperança? É que o Governo assumiu, finalmente e humildemente, que este processo falhou. O que se propõe é voltar ao modelo anterior, que foi vigente em 2023, para tentar mudar a capacidade de recrutamento na segunda época que terá lugar nas próximas semanas", defende.
No habitual espaço de análise na SIC Notícias, Francisco Goiana da Silva analisa também o novo plano para as urgências apresentado pelo Governo e as medidas para área da saúde defendidas por Kamala Harris e Donald Trump, a poucos dias das eleições nos Estados Unidos.