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Desacatos na Grande Lisboa: Governo atento, Marcelo pede pacifismo e partidos divididos quanto à atuação da polícia

Se o Governo classifica os tumultos como "inadmissíveis", o Chega chama "rascaria" a quem os leva a cabo, a IL quer que seja reposta a ordem e o BE critica a atitude policial. Já o Presidente da República recorda que a sociedade portuguesa não é adepta da violência, e que assim deve continuar.

Amanda Martins

O Presidente da República garante estar a acompanhar os protestos das últimas 48 horas e lembra que a sociedade portuguesa é "genericamente pacífica". Também o Governo está atento aos distúrbios, que considera inadmissíveis. A ministra da Administração Interna assegura que a polícia tudo fará para repor a ordem.

O evoluir dos desacatos na Grande Lisboa levou a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, a fazer um balanço do trabalho das autoridades,à chegada à cimeira luso-espanhola, que decorre em Faro.

“Aqueles que têm atuado nestes distúrbios, três já se encontram detidos e tudo faremos para levar todos aqueles que participaram nestes tumultos à justiça”, declarou.

O Governo garante que está a acompanhar desde o princípio o estado dos desacatos, que, sublinha a ministra, são “inadmissíveis”.

Na última noite, houve uma reunião de urgência do Sistema de Segurança Interna.

“Estou em permanente contacto com todas as forças de segurança e, principalmente, com a PSP, que está nos diversos locais a acompanhar e a repor a ordem pública”, assegurou Margarida Blasco.

A ministra não adianta se haverá um reforço de meios na próxima noite.

Chega e IL pedem meios para "repor ordem", BE critica atuação "incendiária" da polícia

Os desacatos começaram segunda-feira, depois da morte de um homem que foi baleado pela PSP, na Cova da Moura, o que gerou uma onda de indignação a que a classe política também tem assistido.

André Ventura, presidente do Chega, diz que esperava uma condenação mais firme, por parte do Governo, dos desacatos.

"Esperava que dissesse que estamos incondicionalmente ao lado da polícia; que todos os meios que a polícia precisar terá, nas próximas noites, para conter o dano; e que esta malta, a que chamei de rascaria, que anda à volta de Lisboa a incendiar autocarros, será severamente punida e será severamente impedida", atirou.

Pela Iniciativa Liberal, o líder Rui Rocha, sublinhou que “o Estado de Direito tem de funcionar” e pede que seja restabelecida a ordem pública.

“O que desejo é que o Estado, nesta matéria, intervenha de forma decidida e reponha imediatamente a ordem.”

Fabian Figueiredo, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, aponta responsabilidades à polícia, que acusa de “atitudes incendiárias”.

“As áreas urbanas de Lisboa precisam de paz. Paz significa tratamento igual, significa não ter atitudes incendiárias. O que a unidade especial da polícia fez, ao invadir uma família enlutada, foi uma atitude incendiaria. Incompreensível e injustificada.”

Uma acusação rejeitada pela Polícia de Segurança Pública, que nega o ato.

Marcelo: "A nossa sociedade é pacífica e assim quer continuar"

Também o Presidente da República está atento. Numa nota publicada no site oficial da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa lembra que "a segurança e a ordem pública são valores democráticos cuja preservação importa garantir".

"A nossa sociedade (...) é genericamente pacífica, e assim quer continuar a ser, sem instabilidade e, muito menos, violência."

É o alerta do Chefe de Estado, que garante estar a acompanhar, em contacto com o Governo e os autarcas, os acontecimentos das últimas 48 horas.

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