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O discurso na íntegra de Luís Montenegro

Na intervenção de abertura do 42.º Congresso Nacional do PSD, não se ouviu a palavra Orçamento. Luís Montenegro centrou o discurso nas recentes conquistas que reforçaram o partido, recusou liderar um Governo “isolado” e prometeu responder “pelo prestígio da política e pela palavra dada” porque os portugueses estão fartos de truques”.

Ana Lemos

Com a questão do Orçamento ‘arrumada’, graças à abstenção pré-anunciada pelo PS, o foco do discurso de abertura do 42.º Congresso do PSD seguiu o rumo esperado: autárquicas. Luís Montenegro pediu aos candidatos autárquicos que ponham de lado vaidades pessoais e que se concentrem em ter bons resultados no próximo ano.

Começando por vincar que o Governo chega a este congresso, em Braga, “reforçado”, o líder do PSD recusou a ideia de que o Executivo está isolado e, sublinhou até, que pelo contrário está “cada vez mais próximo daqueles que interessam: os portugueses, as famílias, as empresas, as instituições”.

“Nós estamos a governar Portugal com o apoio das autarquias, com o apoio das Regiões Autónomas, com o apoio dos parceiros sociais, conquistando ou reconquistando a estabilidade e a paz na escola, nas forças de segurança, na área crítica da justiça, da saúde. E ainda há quem diga que nós estamos isolados?”

E assim, prosseguiu, é para continuar “sem truques": "Cá estaremos para responder pelo prestígio da política, pelo valor da palavra dada, pela concretização do compromisso”.

“Não somos descendentes nem de pântanos, nem de bancarrotas, nem de empobrecimentos”, vincou Montenegro, e completou: "Somos descendentes do sentido de Estado de Francisco Pinto Balsemão, do transformismo de Aníbal Cavaco, do patriotismo de Durão e Santana, da coragem de Pedro Passos Coelho e dos valores social-democratas de Francisco Sá Carneiro”.

Os novos militantes

Foi o único anúncio do discurso: os dois novos militantes, o eurodeputado Sebastião Bugalho e Ana Gabriela Cabilhas, a deputada eleita pelo círculo do Porto nas últimas legislativas e a quem coube fazer o discurso do PSD na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril.

“Dois jovens do melhor que Portugal tem”

Um anúncio feito num congresso onde o PSD chega “reforçado na unidade e coesão", sem “perder a pluralidade, a capacidade introspetiva e a discussão livre de ideias e opções”, e “reforçados” pela vitória nos Açores, no Parlamento Europeu e nas legislativas “nove anos depois”.

As diferenças face “àqueles que aqui estavam antes”

A marcar o discurso de abertura, de cerca de meia hora, esteve um balanço da governação dos últimos meses mas, sobretudo, a distinção (e critica) ao legado do PS.

“Diz-se que fizemos o mais fácil, mas se fosse assim tão fácil porque não estava feito? Não somos iguais ao PS. Somos diferentes e estamos a fazer a diferença"

Perante os congressistas, Montenegro afirmou que “a política do PSD não é falar e decidir primeiro e pensar a seguir” mas sim “ouvir, refletir, pensar e depois decidir - decidir com responsabilidade, com coragem e com sentido de justiça. Não acertamos sempre, mas também não andamos aos ziguezagues”.

E sem deslumbramentos ou preocupações com sondagens, o foco, disse, está na “responsabilidade de não falhar às pessoas”, apesar das “ameaças e incertezas” do presente e futuro.

“Temos guerras às portas da Europa, temos estagnação económica no centro da Europa, temos pressões migratórias e temos de lidar com responsabilidade, com o sentido do futuro, com as alterações climáticas. Internamente, temos pobreza e risco de pobreza”

Trabalho feito

Mas o momento não é “para queixumes ou passa culpas” mas “de ação e de mudar Portugal”. Prova disso é o trabalho feito pelo Governo em seis meses, com destaque para a valorização de carreiras da administração pública - "polícias, médicos, professores". Por isso, sublinhou:

“Quando nos dizem que somos iguais àqueles que aqui estiveram antes de nós, olhem para as decisões tomadas e percebam que ao serem executadas estamos a fazer diferente e estamos a fazer a diferença”

Disse Montenegro que a política seguida “é de valorização do trabalho, de incentivo para se produzir mais, de impulso para uma economia mais produtiva, capaz de criar mais riqueza”. “Por mais que tentem, em tudo isso nós não somos iguais àqueles que estiveram aqui antes de nós. Nós somos diferentes e nós estamos a fazer a diferença”.

O episódio curioso no Conselho Europeu

No discurso, o primeiro-ministro apenas falou de forma indireta sobre a questão orçamental e referiu-se a uma das medidas em que cedeu nas negociações com o PS: o IRS Jovem.

Lembrando que já reconheceu que o IRS Jovem inicialmente proposto pelo seu Executivo era passível de melhorias, Montenegro disse hoje que "dizer que ninguém concorda, que é uma coisa totalmente errada, de facto, é muito curioso". E a prova disso partilhou com os militantes em “30 segundos”.

Ora, segundo o primeiro-ministro, no último Conselho Europeu, vários chefes de Governo de Estados-membros questionaram-no sobre o IRS Jovem, tendo em vista replicá-lo nos respetivos países.

Na sua intervenção, o presidente do PSD abordou ainda a questão da imigração, dizendo que quando iniciou funções havia "400 mil processos pendentes, com casos de exploração degradante da condição humana", e realçou o acordo de concertação social para a valorização dos Salários e crescimento da economia, assim como a decisão que se arrastava para a localização do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete.

Com LUSA

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