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O que estragou o plano de Fábio Loureiro?

Luís Maia, da SIC, e o advogado Paulo Sá e Cunha estiveram na Edição da Noite para explicar como é que Fábio Loureiro foi apanhado pelas autoridades, o que aconteceu de errado no plano e o que poderá acontecer à sua companheira, uma vez que estava a par do paradeiro do fugitivo.

Mariana Guerreiro

Passaram cinco dias desde a detenção de Fábio Loureiro, que estava em fuga há um mês depois de ter escapado do Vale de Judeus. Acompanhado por um advogado marroquino, Fábio não pode agora contar com o apoio da irmã e da mulher, que já regressaram a Portugal. Dos cinco reclusos que fugiram, foi o primeiro a ser encontrado. Para Luís Maia, da SIC, terão sido as "emoções" que estragaram o plano.

"Terá havido algum descuido. Há uma séries de mensagens que acabam por ser intercetadas. Terá havido algumas conversas de voz, mas as mensagens denunciaram mais depressa o casal. Eles já estavam a combinar encontrar-se e as comunicações foram monitorizadas e acabaram por trair o plano do reencontro", começou por explicar Luís Maia.

Nas mensagens que trocaram, foi o "passaporte" que chamou a atenção das autoridades. E apesar de não ter sido mencionada uma localização exata, falavam em alguns destinos, nomeadamente Marrocos.

"Fábio terá comprado um passaporte português falso alegadamente por 500 euros num bairro em Sevilha, que é um viveiro de criminosos", explicou ainda Luís Maia.

Portanto, "houve pistas que foram sendo deixadas pelo caminho" e que acabaram por ser "aproveitadas e consolidadas para consumar a detenção".

A mulher viajou para Marrocos no domingo, onde se reencontrou com o marido momentos antes da captura. Ela estava a ser vigiada no âmbito da Operação Retorno.

"É o Tribunal de Rabat que vai decidir a extradição”: advogado marroquino de Fábio Loureiro ouvido pela SIC

Mas se a mulher estava a ajudar Fábio, teria algum tipo de obrigação de revelar às autoridades onde estava o marido, tendo em conta que sabia do paradeiro? Segundo explicou o advogado Paulo Sá e Cunha, "a lei protege os familiares do círculo mais próximo e o cônjuge, ou quem vive em condições análogas às dos cônjuges, tem essa proteção".

"Não é punível se for praticado por alguém desse círculo próximo. Portanto, não só não tinha obrigação de revelar o que quer que fosse que soubesse acerca do paradeiro do marido ou do companheiro, como mesmo se tivesse auxiliado naquela situação também não seria punível este comportamento", acrescentou.

No caso da extradição se confirmar, contra a vontade do fugitivo, o destino mais provável é a cadeia de alta segurança de Monsanto, onde Fábio já esteve e de onde também tentou fugir.

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