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"Luís Montenegro tentou fazer uma figura épica, mas fez uma triste figura"

Pelo menos quatro pessoas morreram num acidente de helicóptero no Douro. Entre as autoridades que procuravam os corpos, o primeiro-ministro surgiu numa lancha e foi fotografado em grande plano, um momento que gerou várias críticas. A comentadora da SIC Maria Castello Branco considera que Montenegro protagonizou uma "triste figura" de quem "não foi eleito para isso".

Luís Montenegro
ESTELA SILVA

Daniel Pascoal

Neste dia de tragédia, em que um helicóptero caiu no Rio Douro e vitimou pelo menos quatro pessoas, tornou-se muito falada a imagem do primeiro-ministro, Luís Montenegro, a bordo de uma lancha enquanto decorriam as operações de busca pelos desaparecidos.

O chefe de Governo, que classificou esta sexta-feira como “um dia muito triste para Portugal”, foi fotografo por uma pessoa dentro da lancha em que circulava. Numa dessas imagens, aparece sozinho em grande plano.

O episódio provocou muitas reações, principalmente negativas. As críticas são de que a presença do chefe de Governo no terreno em nada ajuda às autoridades e pode ter sido uma forma de aproveitamento político de uma tragédia.

Maria Castello Branco, comentadora SIC, classifica este episódio como “uma triste figura” de Luís Montenegro.

“Não percebo o que é que o primeiro-ministro estava a tentar fazer. Se era uma política performativa, se era para dar a imagem de que estaria a apoiar as autoridades, quando, na realidade, atrapalhou as autoridades. (…) Luís Montenegro achou por bem fazê-lo, talvez a querer tentar fazer uma figura épica, mas fez uma triste figura. As imagens são um pouco absurdas”. Para a comentadora, “não é para isso que [Montenegro] foi eleito”.

Gonçalo Ribeiro Telles, também comentador SIC, foi mais uma das vozes a criticar a ação “escusada” do chefe de Governo.

“Acho que o primeiro-ministro tinha que estar lá, mas numa lancha não fazia sentido. Não sei se atrapalhou as autoridades, mas não ajudou. Parece que aproveitou um bocadinho o momento, quando o momento devia ser de tristeza pelas vítimas e pelas famílias das vítimas. Acho se pedia alguma discrição e recato (…) Este episódio era escusado”.

Montenegro diz que não perturbou ninguém

Consternado, o primeiro-ministro apareceu aos jornalistas para anunciar que foi decretado luto nacional para este sábado e para transmitir uma mensagem de solidariedade às famílias das vítimas e à GNR - todas as pessoas que morreram eram militares da Guarda Nacional Republicana.

Questionado sobre a sua presença no terreno ao longo da tarde, Montenegro quis afastar a polémica e garantiu que não perturbou os trabalhos.

"Foi-me permitido estar pessoalmente com mergulhadores que desempenham uma missão muito perigosa e eu quis transmitir apreço pelo esforço (...) Creio que presença do primeiro-ministro não foi motivo de nenhuma perturbação", disse Montenegro, acrescentando que "fazer disso crítica ou caso é desrespeito pelas instituições".

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