Os enfermeiros do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto estiveram, esta manhã, em protesto para denunciar as condições de trabalho. Queixam-se de que a administração tem ignorado os problemas da sobrecarga horária e da revisão das carreiras.
A entrada do IPO do Porto foi preenchida com cartazes de quem espera e não alcança respostas. Durante duas horas, dezenas de enfermeiros fizeram uma pausa para tocar na ferida da sobrecarga horária.
“Já passei as 100 horas extraordinárias este ano e estou num estado de exaustão que já não me permite fazer mais as horas que fazia”, denuncia Joana Bessa, enfermeira.
“Infelizmente, não somos reconhecidos como deveríamos ser”, lamenta Vera Fonseca, também enfermeira no IPO do Porto.
No IPO do Porto, trabalham 800 enfermeiros. Desde o início do ano até junho, fizeram 23 mil horas extraordinárias. Também o trabalho precário e a falta de revisão das carreiras têm tido impacto na saúde mental de quem aqui trabalha.
Sindicato diz que IPO “ignora” problemas dos enfermeiros
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses acusa a administração do IPO de ignorar um problema que vai levar muitos profissionais a abandonar o trabalho.
“Esta ausência de vontade de resolver os problemas do conselho de administração de – que ignora os problemas dos enfermeiros – faz com que haja uma desmotivação muito grande”, afirma Fátima Monteiro, dirigente do sindicato.
Contratar mais? “Só com autorização da tutela”, diz IPO
Em resposta ao pedido de esclarecimento feito pela SIC, o conselho de administração do IPO do Porto diz reconhecer “o esforço efetuado pelos enfermeiros, com necessidade de recorrer a trabalho extraordinário”.
“Nesse sentido, têm sido implementadas medidas de reorganização do trabalho", garante a administração, que realça, no entanto, que só contratando mais colaboradores a situação ficará resolvida – e isso só pode ser feito com autorização da tutela.
"A contratação de mais profissionais só é possível com autorização da tutela, tendo essa sido possível pela última vez em 2022", lê-se na resposta do conselho de administração à SIC.
Enquanto não há contratação de novos profissionais, os enfermeiros mantêm agendada uma nova concentração, nos dias 24 e 25 de setembro, em frente ao Ministério da Saúde.