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“O que nos resta a seguir?”: bombeiros denunciam aumento do risco e falta de capacidade para socorrer

Para os bombeiros, o problema não é apenas o encerramento das urgências de obstetrícia e ginecologia. São todos os outros serviços que têm tido escalas por preencher e que obrigam a transferir cada vez mais doentes de uns sítios para os outros.

André Palma

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses afirma que o transporte de doentes entre hospitais está a ficar insustentável. Denuncia que os bombeiros estão a demorar cada vez mais tempo a socorrer casos urgentes.

“Há de haver um momento em que os bombeiros já não têm capacidade para transportar. E o que nos resta a seguir?”, questiona António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros.

António Nunes assegura que os meios que têm não chegam para o volume de trabalho dos últimos tempos.

Para já, conseguem organizar-se para evitar falhar pedidos de socorro. Podem não falhar, mas têm demorado mais tempo a chegar a situações consideradas urgentes.

“Os doentes já aguardam uma hora a uma hora e meia pela ambulância. Se, depois, nós demoramos um quarto de hora, vinte minutos ou meia-hora para saber para que hospital é que vamos, e depois demoramos uma hora e meia, duas horas ou três (...), uma ambulância que podia fazer quatro ou cinco emergências por dia passa a ter de fazer uma ou duas”, explica.

E o risco aumenta para quem é transportado e para quem transporta.

“Aumenta o risco do doente, do transporte, da pressão psicológica sobre os bombeiros, o risco de acidente.”

A Liga dos Bombeiros diz que, no início do ano, havia um grupo de trabalho para tentar arranjar uma solução, mas ainda nada avançou. Considera que o poder político está a acomodar-se a uma situação que devia ser temporária e excecional.

“Têm de nos dar condições”, defende.

António Nunes está ainda preocupado com a dívida do setor da saúde às associações humanitárias de bombeiros, que afirma que já ultrapassa os 25 milhões de euros.

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