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Quem é Sérgio Dias Janeiro, o novo presidente do INEM?

Depois de o Governo nomear mais um oficial das Forças Armadas para um cargo de chefia na Saúde, Tiago Correia, comentador SIC, diz que a ministra da Saúde "não pode olhar para os militares como uma solução, quase como uma subserviência política".

Tiago Correia

SIC Notícias

Tiago Correia analisa a nomeação de Sérgio Dias Janeiro para diretor do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e elenca as matérias que o Ministério da Saúde terá de solucionar com maior urgência.

O também professor e investigador da área da saúde começa por dizer que "pouco se sabe" do novo diretor do INEM, para além de ser médico e de exercer funções de direção no Hospital das Forças Armadas.

Em maio, o Governo escolheu para diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde António João d'Almeida, também ele militar. Como o novo diretor dos serviços de emergência médica também transita diretamente das Forças Armadas, Tiago Almeida considera que a ministra da Saúde "não pode olhar para os militares como uma solução, quase como uma subserviência política".

"Não estou a dizer que há, estou a dizer apenas que há espaço para que esta interpretação surja", acrescenta.

Recorda que os militares começaram a assumir funções em áreas da Saúde na pandemia com a nomeação do almirante Gouveia e Melo para coordenador da 'task force' do plano de vacinação contra a covid-19.

Na época, constata, esta escolha "foi vista com bons olhos porque era uma imagem de independência partidária em relação aos problemas que estavam a acontecer com a 'task force'".

"Não pode haver suspeitas"

Reforça que "não pode haver suspeitas" que a escolha de militares para as chefias na Saúde "seja uma subserviência política das estruturas de topo do Ministério da Saúde em relação à tutela".

"Volto a dizer, não estou a dizer que é o caso, mas é esse o sinal que começa a ser dado não só porque os militares começam a ser chamados, como também porque aquilo que esteve em causa é uma matéria muito sensível em que tivemos uma demissão do presidente do INEM, precisamente por causa da questão dos helicópteros", refere.

O comentador entende que "a ideia de que os militares não colocam em causa a sua hierarquia" não pode ser o princípio que "está na base do recrutamento".

Solução passa por colocar Forças Armadas a transportar doentes?

Questionado se a ministra explicou corretamente, na audição parlamentar desta semana, a polémica em torno da saída do ex-presidente do INEM, Luís Meira, Tiago Correia retorque dizendo que "se os deputados estão satisfeitos é porque as explicações foram suficientes".

Aponta, no entanto, que o que é relevante neste momento perceber é qual será a abordagem que o Ministério terá em relação ao INEM e dá o exemplo das regiões autónomas, onde o transporte de doentes urgentes por helicóptero é feito pelas Forças Armadas.

"Seria importante perceber se, efetivamente, se concretiza, ou não, uma relação mais intensa com as Forças Armadas e se isso compensa o erário público porque, em última análise, é válido o argumento que, se há dificuldade em arranjar peças, manutenção para os helicópteros, que os contratos têm de ser cada vez mais caros e ,se houver meios disponíveis nas Forças Armadas, qualquer pessoa compreende que essa opção pode existir no continente", afirma.

Por fim, esclarece que fica notório que houve uma discordância entre o anterior presidente do INEM e a tutela e que Vítor Almeida, nomeado na passada semana, "considerou que não tinha as condições necessárias para exercer as funções."

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