Longe vai tempo que este hotel era o edifício mais alto da marginal na Figueira da Foz. Um autêntico navio em terra, desenhado por Inácio Peres Fernandes. A arquitetura modernista foi aliás um dos motivos para que seja património classificado, mas sem deixar de cumprir a missão de receber hóspedes. Agora foi reabilitado para continuar ícone da cidade ao fim de 71 anos.
Mas a memória histórica não se esgota no exterior. Tomás de Melo, artista gráfico luso brasileiro, é o nome à cabeça dos traços também eles recuperados por especialistas durante a reabilitação, nos murais que trazem para dentro do hotel a vivência figueirense.
"Reabilitar um edifício classificado, uma peça histórica obviamente que nos faz ter essa obrigação e também o gosto. Tentamos perceber o que é que era a história destes 70 anos de vida e retratá-la aqui dentro de forma a manter essa história e a dar a conhecer os novos visitantes que pretendemos atrair", diz Manuel Patrício, diretor do Hotel Vila Galé Collection Figueira da Foz.
Um hotel cuja história apaixonou António Jorge Lé a estudá-la, ou não tivesse sido ele aqui trabalhador, assim como o pai. Um edifício que reflete uma época de ouro no turismo figueirense que se quer recuperar, onde o caráter internacional sempre esteve presente, até na equipa que abriu a unidade.
"O porteiro era alemão, a governanta era francesa e o chefe de mesa e o diretor eram espanhóis e naturalmente, ao longo dos anos, serviu de história, mas também de escola de formação para inúmeros profissionais dos melhores hotéis portugueses", conta António Jorge Lé, historiador do grande hotel da Figueira da Foz
71 anos de história repartidos por 102 quartos agora mais adequados às exigências dos atuais turistas, que vão continuar a poder apreciar o Atlântico à distância de um olhar…