Aponta-se às alterações climáticas, invernos intensos cada vez mais frequentes, como o último. A verdade é que a praia da Cova Gala é, no país, um dos sítios mais sensíveis à erosão costeira. Os sacos de proteção têm ajudado mas não resolve o problema.
"O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa (...) Aqui tínhamos uma duna enorme, uma coisa absolutamente descomunal, hoje desapareceu. A linha de mar era muito mais à frente", explica Miguel Figueira da SOS Cabedelo.
Uma erosão que num concelho com 30 quilómetros de praias acaba por ter um grande impacto. “No final da época balnear retirar uma grande parte dos passadiços e as escadas que estão junto do areal e neste momento, no inicio da época balnear, temos de voltar a fazer a mesma situação, ou seja, repor”, diz Manuel Domingues, vereador da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
Mais grave, no entanto, é a situação na Costa de Lavos, um pouco mais a sul. A maré baixa pode até disfarçar, mas muita da areia tem ido embora. E o mar aproxima-se perigosamente das casas.
"[As pessoas] vivem em permanente sobressalto quer aqui, quer na Costa de Lavos, quer na Leirosa porque a água vai-lhes entrar pela casa mais dia, menos dia. No limite, o Estado iria intervir com uma grande obra para proteger essas casas, só que isso seria enterrar, em definitivo, o sonho de uma comunidade que se relacionou sempre com esta praia", conta Eurico Gonçalves da SOS Cabedelo.
Os molhes no porto da Figueira da Foz impedem que a areia continue para sul. E por isso até ao canhão da Nazaré, toda a costa reclama do avanço do mar.
Está prevista uma reposição de areias para ano na zona da cova gala de mais de 3 mil milhões de metros cúbicos de areia.
"O valor próximo dos 20 milhões de euros pode não resultar para sempre, mas tem alguns resultados positivos daquilo que eu ouço e os técnicos da APA falam", diz Manuel Domingues.
Defende-se por isso uma solução permanente e fixa de reposição de areias através de um bypass de norte para sul da zona portuária da Figueira da Foz, num país que gastou em década e meia 350 milhões de euros na orla costeira, sobretudo para mitigar os efeitos da erosão.