País

Excesso de vinho: há 120 milhões de litros a mais nas adegas

As adegas cooperativas pedem uma solução urgente para eliminar o excesso de stock de vinho antes do início da próxima vindima. O país importou, no último ano, quase 300 milhões de litros, sobretudo de Espanha onde os fatores de produção permitem vender a preços mais baixos.

Frederico Pinto

Frederico Correia

Portugal continua a engarrafar vinho, mas o problema está nos 120 milhões de litros que se calcula haver de excedente nas adegas cooperativas e privadas de todo o país.

"Estamos neste momento em Portugal com excesso de stocks causado pelo excesso de importação. Nós importamos, em 2023, 120 milhões de litros a mais do que as nossas necessidades. Isto é quase um quinto da produção de vinho nacional", diz António Mendes, presidente da federação de adegas cooperativas de Portugal.

A Federação das Adegas de Portugal começou a alertar, no início do ano, para o problema do setor, mas, até agora, não há autorização da comunidade europeia para uma destilação de crise, ou seja, a eliminação parcial do excedente com ajuda de fundos europeus.

"Uma destilação de crise, retirando todo o vinho que está em excesso no mercado e, ao mesmo tempo, isto vai permitir uma injeção direta de dinheiro no setor sem estarmos a recorrer ao crédito porque é simplesmente tirar vinho ou trocar vinho por dinheiro e podemos pagar aos nossos associados de uma forma natural e clara", explica António Mendes.

O novo Governo já reuniu com os representantes do setor e a solução tem de chegar antes da próxima vindima para evitar o caos. O presidente da federação das adegas cooperativas de Portugal explica que o problema ainda não chegou ao produtor, mas que vai chegar na época das vindimas quando "não tiver onde escoar a sua produção" e também no atraso de pagamentos porque "se as cooperativas não conseguem escoar o seu produto, também não conseguem remunerar a tempo os seus viticultores".

Portugal importou no último ano quase 300 milhões de litros de vinho, parte dele de Espanha, onde os mais baixos custos de produção dão vantagem competitiva em relação aos produtores portugueses.

Últimas