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PAN propõe referendo à abolição das touradas após as eleições

Proposta deverá ser apresentada na semana após as europeias de 9 de junho. O PAN alega que a maioria dos portugueses são contra os espetáculos tauromáquicos.

HUGO DELGADO/LUSA

Lusa

A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, anunciou, esta quarta-feira, que o partido vai propor ao Parlamento um referendo sobre a abolição das touradas em Portugal, após as eleições europeias de 9 de junho.

Inês Sousa Real, que falava em Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, durante uma ação de protesto contra a tradição da "Vaca das Cordas", disse que a proposta de consulta popular será apresentada na semana seguinte às eleições europeias.

"Volvido este período eleitoral, o PAN vai dar entrada na Assembleia da República da proposta do referendo para que Portugal decida, de uma vez por todas, a abolição da tauromaquia", afirmou.

Segundo Inês Sousa Real, "um estudo recente da Universidade Católica diz que mais de 70% dos portugueses são contra a tauromaquia. Que querem ver o fim destes espetáculos que provocam sofrimento aos animais”.

“Estando os portugueses do lado certo da história, do lado da compaixão e respeito pelos animais, falta a vontade política do Parlamento para respeitar esta mesma vontade democrática da população. Através de um referendo a população estará, claramente, alinhada", reforçou.

A dirigente do partido Pessoas-Animais-Natureza, que acompanhava o cabeça de lista do PAN, Pedro Fidalgo Marques, na campanha para as europeias, congratulou-se com a decisão da provedora do telespetador de não permitir à RTP a transmissão de touradas porque vai contra o bem-estar animal - declarações que levaram a Federação Portuguesa de Tauromaquia a exigir a demissão da provedora da RTP e a pedir uma audiência urgente ao Governo.

Para Inês Sousa Real, "a provedora do telespetador esteve, mais uma vez, do lado certo da história, que é do lado do respeito pelos animais".

"Não queremos pôr em causa a sustentabilidade de ninguém, mas temos, de uma vez por todas, olhar para estas atividades, colocar os touros nas lezírias, apostar no turismo de sustentabilidade, natureza.”

Candidato às europeias contra fundos para tauromaquia

Para o cabeça de lista do PAN, Pedro Fidalgo Marques, a "exploração animal tem de terminar" e que "os animais não podem continuar a ser usados para entretenimento".

"Temos de terminar com os apoios e os fundos que existem. Alguns fundos vêm da cultura, outros da parte da agricultura. Não podem vir fundos da União Europeia seja para atividades tauromáquicas, para a exploração animal, para este tipo de tortura. Como temos dito, tortura não é cultura", sustentou, defendendo que a União Europeia "pode liderar o fim dos espetáculos com animais".

O que é a tradição da "Vaca das Cordas"?

A ação de protesto do PAN contra a tradição da 'Vaca das Cordas', consistiu no corte simbólico de uma corda colocada na estátua do Touro, no centro histórico de Ponte de Lima.

A mais antiga referência que se conhece da 'Vaca das Cordas' remonta a 1646. A tradição acontece na véspera do feriado do Corpo de Deus. Em vez de uma vaca é, um touro que cumpre a tradição.

O animal é preso por duas cordas e levado até à Igreja Matriz de Ponte de Lima. Aí é preso à janela de ferro da Torre dos Sinos, sendo-lhe dado um banho de vinho tinto da região.

Dá depois três voltas à igreja, sempre com percalços e muitos trambolhões à mistura dos populares que ousam enfrentá-lo, após o que é levado para o extenso areal da vila, dando lugar a peripécias, com corridas, sustos, nódoas negras e trambolhões e até pegas de cara amadoras.

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