A última semana tem sido de tensão na Assembleia da República. O partido de André Ventura volta a ser o centro das atenções pelo comportamento impróprio dos seus deputados. O Chega foi acusado de criar um ambiente "infernal" para as deputadas através de comentários misóginos e racistas.
A ex-deputada do Partido Socialista, Romualda Fernandes, diz ter sido alvo de insultos por parte de alguns deputados do Chega mais do que uma vez. Em declarações à SIC Notícias, voltou a recordar o episódio que, na altura, denunciou à revista Sábado.
"Consigo identificar o deputado que me dirigiu essas ofensas. Quando abro a porta [da sala das Comissões], em pleno dia, olha para mim e diz-me "Boa noite". Eu tomei aquilo como uma ofensa e percebi do que se estava a tratar pelo tom, pela forma jocosa como o disse. [O deputado] prosseguiu rindo-se."
"Na nossa reunião do grupo parlamentar [do Partido Socialista] apresentei a questão, que é uma ofensa e foi dirigida com o intuito de me ofender. De ofender, não pessoalmente, mas pela minha cor da pele. Na altura, disseram-me que esta questão seria levada à Comissão de Líderes. Mas não aconteceu nada."
As declarações de Romualda Fernandes surgem no seguimento das acusações feitas por Isabel Moreia, atual deputada do PS, que acusou a bancada do Chega de ter as mulheres como um alvo principal, a quem dirigem insultos e ofensas com o microfone desligado para que não possam ser responsabilizados.
Neste mesmo dia, Pedro Delgado Alves, colega de bancada de Isabel Moreira, confirmou as acusações feitas pela deputada e acrescentou que não se trata de uma situação recente mas que provém do período da antiga legislatura.
André Ventura negou as acusações de racismo e relembrou que o Chega é a "única bancada que tem negros no Parlamento". Pede a Isabel Moreira que mostre "as provas" que evidenciam as atitudes racistas do Chega e referiu-se às acusações proferidas pela deputada do Partido Socialista como "queixinhas".