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"Quase três noites sem dormir": auroras boreais foram um "sonho tornado realidade" para português entusiasta de astrofotografia

Ao contrário de muitas pessoas que foram surpreendidas pelo fenómeno, João Yordanov Serralheiro e outros amigos entusiastas de astrofotografia já estavam a acompanhar as previsões científicas há algum tempo.

Facebook / Rodolfo Ferreira

SIC Notícias

Lusa

O português João Yordanov Serralheiro, que reside no Reino Unido, esteve quase três noites sem dormir para fotografar as auroras boreais, registadas no fim de semana passado em várias partes do mundo, considerando que foi "um momento inesquecível".

"Estive quase três noites sem dormir. Sempre quis ir à Islândia e Noruega por causa das auroras, mas conseguir fotografá-las à porta de casa foi quase um sonho tornado realidade, foi um momento inesquecível", contou à agência Lusa.

Posicionaram-se cedo, logo pelas 21:00 de sexta-feira, 10 de maio, junto aos radiotelescópios do observatório de astronomia da Universidade de Cambridge, e esperaram várias horas até começar a "dança de luzes".

"Normalmente veem-se as luzes verdes, que mostram uma intensidade mais fraca de ionização da atmosfera, mas nós vimos [luzes] rosas, azuis e violetas", descreveu.

As câmaras fotográficas têm vantagem porque conseguem capturar as cores com maior nitidez graças às longas exposições, explicou, juntando-se os conhecimentos técnicos.

O resultado foi dezenas de fotografias, algumas das quais colocou nas redes sociais e na sua página eletrónica [https://www.joaoysphotography.com/], e que no futuro poderá usar para entrar em competições como fotógrafo amador.

Natural de Alcobaça, João Serralheiro, de 42 anos, é engenheiro informático.

"Tenho um trabalho que paga as contas e a fotografia é um passatempo, mas qualquer minuto que possa dispensar, estou na rua com a câmara fotográfica", afirmou à Lusa.

Antes de se mudar para o Reino Unido, há cerca de 12 anos, já praticava fotografia de paisagem nos tempos livres, mas interrompeu a paixão durante uma década.

Recentemente, por incentivo da mulher, voltou a dedicar-se ao passatempo, desta vez especializando-se na astrofotografia.

"Um dos meus temas favoritos é 'star trails', em que se usa movimento da terra para captar rastos das estrelas, o que demoram várias horas", contou.

Uma destas imagens, "Radio Polaris" mereceu ser finalista para o Prémio Fotógrafo do Ano de Astronomia, promovido pelo Observatório de Greenwich, em Londres.

A fotografia também foi exposta juntamente com as dos outros finalistas e dos vencedores no museu Royal Maritime Museum e publicada em catálogo.

Este mês, também teve uma fotografia em destaque na revista Amateur Photographer e em abril foi distinguido com o prémio de fotografia do mês do Instituto de Fotografia britânico, onde está a estudar.

Conseguir estas imagens implica passar muitas horas "à noite e ao frio", mas agora que apanhou o gosto, João Serralheiro não quer parar, declarando: "Estou sempre à caça de uma imagem".

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