O Chega critica os signatários do manifesto e acusa-os de quererem controlar a justiça. Já o Bloco de Esquerda revê-se nas preocupações do manifesto subscrito por 50 personalidades a pedir uma reforma na justiça.
Chega critica manifesto
O presidente do Chega, André Ventura, acusa os signatários do manifesto para exigir mais escrutínio ao Ministério Público de quererem controlar e politizar a justiça.
"O manifesto é um pedido do sistema político central a dizer 'controlem lá a justiça que isto está a causar problemas'", afirma.
André Ventura considera que é o "caminho errado" de fazer política: "Fazer política de ataque à justiça em cima de casos concretos, neste caso, envolvendo políticos será uma vergonha para o povo português".
Para o Chega, a reforça na justiça tem de ser feita nos sistemas prisional, de penas e de recursos.
BE revê-se nas preocupações do manifesto
O Bloco de Esquerda é a favor de uma reforma na justiça e defende que todos os partidos devem fazer uma reflexão sobre o estado do setor. O líder parlamentar, Fabian Figueiredo, diz que o manifesto assinado por 50 personalidades exprime uma opinião que é maioritária na sociedade.
O Bloco de Esquerda defendeu que o Parlamento deve iniciar uma reflexão sobre o estado da justiça, que leve a "mudanças estruturais".
"O Bloco de Esquerda já tem expressado as suas preocupações em relação a vários episódios recentes e outros menos recentes que envolvem o Ministério Público e vários processos", disse o líder parlamentar bloquista, sublinhando que o partido está "muito disponível" para debater "uma reforma da justiça" que considera ser necessária.
Fabian Figueiredo referiu que o manifesto junta "muita gente que está muito distante do Bloco de Esquerda", com signatários "do campo da esquerda, muitos do campo da direita, da área da política, da área do direito, uns têm percurso como magistrados, outros como conhecidos juristas".
Mas, vincou: "há um incómodo, há uma preocupação na sociedade portuguesa e nós achamos que a Assembleia da República deve ser sensível a essa preocupação e essas 50 personalidades exprimem uma opinião, creio eu, que é transversal na sociedade portuguesa (...) por isso nós entendemos que a Assembleia da República deve iniciar uma reflexão sobre o estado da justiça e estamos muito disponíveis para um amplo debate que leve a mudanças estruturais na justiça portuguesa".
Manifesto
50 personalidades assinam um manifesto que pede uma reforma da justiça. Rui Rio é um dos subscritores que quer um sobressalto cívico e depois de já ter pedido a demissão da Procuradora-Geral da República, vem agora pedir a Luís Montenegro que lhe mostre a porta da rua.
Os signatários "instam o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo, bem como todos os partidos políticos nacionais a tomarem as iniciativas necessárias para a concretização de uma reforma no setor da Justiça, que, respeitando integralmente a independência dos tribunais, a autonomia do Ministério Público e as garantias de defesa judicial, seja inequivocamente direcionada para a resolução dos estrangulamentos e das disfunções que desde há muito minam a sua eficácia e a sua legitimação pública".
Assinam a petição, entre outros, os ex-presidentes do parlamento Augusto Santos Silva, Ferro Rodrigues e Mota Amaral, os anteriores líderes do PSD e do CDS, Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos, os ex-ministros Leonor Beleza, David Justino, Fernando Negrão, António Vitorino, José Vieira da Silva, António Barreto, Correia de Campos, Alberto Costa, Pinto Ribeiro, Maria de Lurdes Rodrigues, o ex-presidente do Tribunal Constitucional João Caupers.
O almirante Melo Gomes e general Pinto Ramalho, o ex-governador do Banco de Portugal Vitor Constâncio e a juíza-conselheira Teresa Pizarro Beleza, subscrevem o documento, tal como Isabel Soares, Manuel Sobrinho Simões, Álvaro Beleza e os sociais-democratas Paulo Mota Pinto, André Coelho Lima e Pacheco Pereira.