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Crise no grupo Global Media: José Paulo Fafe demite-se

A demissão acontece quatro meses depois de assumir o grupo que detém a TSF, JN, DN e O Jogo. Fafe diz “estarem esgotadas as condições para exercer as funções” e para "levar a cabo a reestruturação que a Global Media necessita”.

ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA

SIC Notícias

“Ao fim de quatro meses de exercício das funções decidiu hoje apresentar renuncia ao cargo de presidente da comissão executiva do Global Media Group, onde igualmente detinha os pelouros editorial, de expansão e novos produtos”, lê-se no comunicado assinado pelo próprio.

“Faço-o por considerar estarem esgotadas as condições para exercer essas funções, nomeadamente os pressupostos essenciais, nomeadamente o necessário entendimento entre acionistas, para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita, único caminho possível para um reposicionamento dos seus principais títulos e marcas, condição indispensável para o seu crescimento e expansão”, disse Fafe, em comunicado.

Em 25 de janeiro, os trabalhadores da Global Media que tinham o salário de dezembro em atraso receberam o vencimento, depois do grupo Bel ter dado uma garantia à Vasp para adiantar dinheiro ao grupo.

Falta ainda pagar o subsídio de Natal e realizar os pagamentos aos prestadores de serviços.

Crise instalou-se em dezembro

Em 6 de dezembro, a Comissão Executiva da GMG anunciou que iria negociar "com caráter de urgência" rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".

Argumentou também que "face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa", o pagamento "do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano".

Em 28 de dezembro, a Global Media informou os trabalhadores de que não tem condições para pagar os salários referentes ao mês de dezembro, sublinhando que a situação financeira é "extremamente grave".

De acordo com a informação da ERC, a participação efetiva da Páginas Civilizadas na GMG é de 50,25% do capital e dos direitos de voto. Esta posição é calculada a partir da soma da detenção direta de 41,51% e da indireta, através da Grandes Notícias Lda, de 8,74%.

O fundo WOF tem uma participação de 25,628% do capital social e dos direitos de voto da GMG. Por sua vez, o Grupo Bel detém uma participação indireta de 17,58%. A KNJ, de Kevin Ho, detém 29,350% e José Pedro Soeiro 20,400%.

Resumindo, a Global Media é detida diretamente pela Páginas Civilizadas (41,510%), KNJ (29,350%), José Pedro Soeiro (20,400%) e Grandes Notícias (8,740%).

[Nota de redação: no título da notícia estava inicialmente escrito João Paulo Fafe e não José Paulo Fafe. Por este lapso, pedimos desculpa aos nossos leitores]

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