País

É oficial: Miguel Albuquerque renuncia à Presidência do Governo Regional da Madeira

O anúncio foi feito à saída da reunião da Comissão Política. Na segunda-feira, o Conselho Regional do PSD Madeira vai reunir-se para aprovar o nome do substituto de Miguel Albuquerque.

HOMEM DE GOUVEIA

Carolina Botelho Pinto

Daniel Pascoal

SIC Notícias

Miguel Albuquerque renunciou esta sexta-feira à Presidência Regional do Governo da Madeira, na sequência da investigação em que foi constituído arguido por suspeitas de corrupção.

O anúncio foi feito à saída da reunião da Comissão Política do PSD Madeira.

Albuquerque revelou ainda que o Conselho Regional do PSD Madeira vai reunir-se na próxima segunda-feira para aprovar o nome do seu substituto.

Ao que a SIC apurou, o substituto deverá ser Tranquada Gomes, nome que terá sido proposto pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Tranquada Gomes foi presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira entre 2015 e 2019. Advogado de profissão, foi também deputado regional e não exerceu qualquer cargo executivo, uma das condições impostas para que Marcelo aceite um novo Governo regional, segundo avançou o Expresso.

Albuquerque sai “para bem da Madeira”

Numa mudança de posição que justifica com a alteração no “quadro de estabilidade política”, depois de na quinta-feira ter garantido que não se demitiria, Albuquerque assume que sai “para bem da Madeira”.

“Os objetivos que queremos alcançar só serão possíveis de concretizar num quadro de estabilidade política e confiança económica e social. Foi isto que sempre defendi e continuarei a defender. Por conseguinte, se neste momento, para bem da Madeira, é necessária uma solução de estabilidade governativa, estarei sempre disponível para contribuir para uma boa solução”, afirma.

“Nos próximos dois meses não posso dissolver”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, diz que, em situação normais, poderia dissolver as assembleias legislativas regionais, um recurso que neste momento não tem. Isto porque a Madeira foi a eleições em setembro.

“Está a decorrer o prazo de seis meses desde a última eleição. Nos próximos dois meses o Presidente não tem esse poder".

O chefe de Estado, que negou ter falado com o Represente da República na região, recorda que já está agendada, para o dia 7 de fevereiro, pelo menos uma moção de censura, que, se for aprovada, vai provocar a queda do Governo Regional.

O que está sob suspeita?

Segundo documentos judiciais, Miguel Albuquerque é suspeito de corrupção, prevaricação, abuso de poder e atentado contra o Estado de Direito, entre outros crimes.

O Ministério Público suspeita que houve, durante anos, contratos de obras públicas da Madeira atribuídos a determinadas empresas da região, com o objetivo de as beneficiar.

Os contratos públicos que estão a ser investigados superam os 200 milhões de euros. Três pessoas foram detidas, entre as quais Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal e antigo número dois de Miguel Albuquerque.

Os investigadores começaram a olhar para os contratos depois de receberem duas denúncias anónimas, que referiam interferências nas escolhas das empresas por parte de Miguel Albuquerque e de Pedro Calado.

Pedro Calado terá atuado, dizem os procuradores, “por acordo ou juntamente com o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque”.

O Ministério Público também terá detetado uma relação entre o presidente do Governo Regional e o atual presidente da câmara que "extravasa o campo pessoal". Diz que Miguel Albuquerque interfere em decisões da Câmara Municipal e Pedro Calado em dossiers que seriam da competência do Governo Regional.

Últimas