O Presidente da República assegurou que não existe “intranquilidade” no país, após novas buscas, desta vez na Madeira, a pessoas em cargos políticos e institucionais. Marcelo Rebelo de Sousa apontou, ainda, que a “Justiça não tem calendários”.
Marcelo Rebelo de Sousa confirmou esta quarta-feira que não falou com Miguel Albuquerque, mas que vai de acordo com o que tem sido dito pelos “possíveis protagonistas dos processos”.
“Como nos vários processos que não comento e como tem sido dito pelo intervenientes considerados como possíveis protagonistas, direi como têm dito: a Justiça deve realmente exercer a sua função e missão constitucional, investigar. A investigação surge quando surge, não tem calendários que tem a ver com a politica ou economia”, expressou o Presidente da República.
Para além disso, Marcelo assegurou que não existe clima de intranquilidade no país, tendo em conta todas as buscas e investigações, desde a Operação Influencer que poderá vir a visar António Costa, até às novas buscas na Madeira que visam Miguel Albuquerque.
“O Governo está em funções e continua a legislar, vou recebendo diplomas, estou a examinar dezenas de diplomas para apreciar, a atividade administrativa do Governo e entidades publicas prossegue, a atividade dos tribunais deve prosseguir e, portanto, tudo isso faz parte da lógica das coisas. A única coisa que temos é sobreposição de tempos eleitorais, mas até isso tem sido gerido”, concluiu o Presidente.
Recorde-se que esta quarta-feira, na sequência de buscas levadas a cabo pela PJ na Madeira, foram detidos Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, e ainda dois gestores: Avelino Farinha, líder do Grupo AFA, e Custódio Correia.
O Ministério Público informou que as diligências ocorreram no âmbito de três inquéritos e que em causa estão factos ocorridos a partir de 2015, suscetíveis de consubstanciar crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poderes e de tráfico de influência.
No total, decorreram mais de 100 ações que envolveram quase 300 inspetores e agentes.
Segundo as suspeitas, Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, e Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, facilitaram obras e terão sido recompensados por isso.
As declarações
Miguel Albuquerque afirmou esta quarta-feira que não se demitirá da Presidência do Governo Regional da Madeira e mostrou-se disponível para colaborar “de forma ativa” com a PJ e os procuradores na investigação do Ministério Público.
Luís Montenegro afirmou também que as buscas na Madeira que envolvem Miguel Albuquerque "não têm impacto direto" na campanha para as Legislativas, mas que são uma "perturbação", tendo em conta que desvia a atenção dos portugueses para o que considera importante: os programas eleitorais. Em relação à confiança política, o líder do PSD não é explícito, mas esclarece que nada muda.